M. Isidore Geoffroy Saint-Hilaire, nas conferências feitas em 1850 (resumidas na Revue et Mag. de Zoologie, Janeiro 1851), expõe, em breves termos, as razões que lhe fizeram crer que «os caracteres específicos são fixados para cada espécie, enquanto se perpetuar no meio das mesmas circunstâncias; e modificam-se se as condições ambientes tendem a mudar». «Em resumo, a observação dos animais selvagens mostra já a variabilidade limitada das espécies. As experiências sobre os animais selvagens tornados domésticos, e sobre os animais domésticos que voltaram ao estado selvagem, demonstramna mais claramente ainda. Estas mesmas experiências provam, além disso, que as diferenças produzidas podem ser de valor genérico». Na sua Histoire Naturelle Générale (vol. 11, 1859, p. 430), desenvolve conclusões análogas.
Uma circular recente afirma que desde 1851 (Dublin Medical Press, p. 322), o Dr. Freke emitiu a opinião de que todos os seres organizados derivam de uma única forma primitiva. As bases e o tratamento do assunto diferem totalmente das minhas, e, como o Dr. Freke publicou em 1861 o seu ensaio sobre a Origem das espécies por via de afinidade orgânica, seria SuPérfluo da minha parte dar um resumo qualquer do seu sistema. M. Herbert Spencer, numa memória (publicada pela vez primeira no Leader, Março de 1852, e reproduzida nos seus Essays em 1858), estabeleceu, com um talento e uma habilidade notáveis, a comparação entre a teoria da criação e o desenvolvimento dos seres orgânicos. Tira os argumentos da analogia das produções domésticas, das transformações que sofrem os embriões
XIV
de muitas espécies, da dificuldade de distinguir espécies e variedades, e do princípio de gradação geral; conclui que as espécies têm sofrido modificações que atribui à mudança de condições.
O autor (1855) estudou também a psicologia partindo do princípio da aquisição gradual de cada aptidão e de cada faculdade mental.
Em 1852, M. Naudin, botânico distinto, num trabalho notável sobre a origem das espécies (Revue Horticole, p. 102, reproduzido em parte nos Nouvelles Archives du Muséum, vol. 1, pág. 171), declara que as espécies se formam do mesmo modo que as variedades cultivadas, o que atribui à selecção exercida pelo homem. Mas não explica como actua a selecção no estado selvagem. Admite, como o deão Herbert, que as espécies na época da sua aparição eram mais plásticas do que hoje. Apoia-se sobre o que ele chamava o princípio de finalidade, «potência misteriosa, indeterminada, fatalidade para uns, para outros vontade providencial, de que a acção incessante sobre os seres vivos determina, em todas as épocas da existência do mundo, a forma, o volume e a duração de cada um deles, em razão do seu destino, na ordem das coisas de que faz parte. É esta potência que harmoniza cada membro no conjunto apropriando-o à função que deve desempenhar no organismo geral da natureza, função que tem para ele a sua razão de ser». 1
Um geólogo célebre, o conde Keyserling, em 1853 (Bull. de Ia Soc. Geolg., 2.1 série, vol.
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