Fez-se silêncio. A sereiazinha encostou-se na amurada e olhou na direção da alvorada. Ela sabia que os primeiros raios de sol a matariam. Então ela viu suas irmãs aparecerem no mar. Seus longos cabelos tinham sido cortados.

– Oferecemos nossos cabelos para a bruxa do mar, para que você não precise morrer esta noite – disseram as sereias. – A bruxa nos deu uma faca. Antes do amanhecer, você deve enterrá-la no coração do Príncipe e, quando o sangue dele atingir seus pés, você se tornará novamente uma sereia e viverá seus trezentos anos. Depressa! Um dos dois deve morrer. Mate o Príncipe e volte.

As princesas jogaram a faca a bordo e desapareceram entre as ondas.

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A faca tremeu na mão da Pequena Sereia. Ela espiou pela cortina dos aposentos dos noivos. Pela última vez, a sereiazinha olhou para o rosto do príncipe adormecido. Voltou para a amurada e atirou a faca ao mar. As ondas tornaram-se vermelhas. Depois ela se jogou na água.

O sol nasceu. Seus raios eram quentes e gentis sobre a espuma mortalmente fria do oceano. A sereiazinha não sentiu a morte.

Ela viu centenas de espíritos dançando sobre ela. Suas vozes eram tão melodiosas que ouvidos humanos não conseguiam ouvi-las, assim como os olhos humanos não podiam ver os espíritos. Eles não tinham asas, mas mesmo assim flutuavam alegremente no ar. A sereiazinha ergueu-se da espuma, e seu espírito juntou-se aos demais.

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– Aonde estou indo? – perguntou. Sua voz era doce como a das almas.

– Aos céus, com os espíritos do ar! – responderam as almas. – Você não possuía alma, mas, como nós, conseguiu uma, porque tem um coração que sabe amar e se doar. Nós voamos pelo mundo soprando uma brisa fresca nas pessoas que sofrem. Espalhamos aroma de flores pelo ar e o levamos a quem necessita. Após termos feito todo o bem que nos foi possível fazer por trezentos anos, conquistamos uma alma eterna.

A sereiazinha ergueu seus braços em direção ao sol de Deus. Ao flutuar sobre o barco, ela viu o Príncipe e sua esposa olhando pesarosos para o mar, como se soubessem que ela havia jogado nas ondas. Invisível, ela beijou o Príncipe e sorriu para ele. Então, juntou-se aos outros espíritos do ar, subiu numa nuvem rosa que passava e começou sua jornada.

EDIÇÃO REVISADA CONFORME ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

 

TRADUÇÃO: Antonio Carlos Vilela

ILUSTRAÇÕES: Hubert Sergeant

PROJETO GRÁFICO DA CAPA E DIAGRAMAÇÃO: Estação Design

CONVERSÃO EM EPUB: {kolekto}

 

Publicado originalmente por:

© 2001 Scandinavia Publishing House

 

Direitos de publicação:

© 2004, 2013 Editora Melhoramentos Ltda.

 

1.ª edição digital, setembro de 2014

ISBN: 978-85-06-07615-6 (digital)

ISBN: 978-85-06-06880-9 (impresso)

 

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