elas não chegam nem na metade. — Chegam sim. Não seja tão exigente. — Aqui, Bill! Segure esta corda. — Será que o telhado agüenta? — Atenção com aquela telha solta. —

Oh, está caindo! Abaixem a cabeça!”(grande estrondo). “Quem fez isso? — Foi Bill, aposto.

— E quem vai descer pela chaminé? — Eu, não! Vá você! — Então eu também não vou! — É

Bill quem vai. — Bill vem cá! O patrão diz que você é quem vai descer pela chaminé!” “Oh!

Então é Bill quem vai descer pela chaminé?” disse Alice a si mesma. “Parece que eles põem tudo em cima desse Bill! Eu não queria estar no lugar de Bill por nada deste mundo! Esta lareira é estreita, é verdade, mas acho que posso dar um pontapezinho!” Ela esticou o pé o quanto pôde sob a chaminé e esperou até ouvir um pequeno animal (ela não conseguiu descobrir qual era) arrastar-se e arranhar a chaminé bem acima dela.

Então, dizendo a si mesma: “É Bill”, deu um pontapé certeiro e esperou para ver o que acontecia. A primeira coisa que ouviu foi um coro geral dizendo: “Lá vai Bill!”; depois só a voz do Coelho: “Vão pegá-lo, vocês aí perto da cerca!”; depois silêncio; e depois outra confusão de vozes: “Levantem a cabeça dele! — Um pouco de conhaque, rápido! — Cuidado para não asfixiá-lo! — O que foi, amigo velho? O que houve com você?

Conte para nós!”

Em seguida ouviu-se uma vozinha fraca e esganiçada (“É Bill”, pensou Alice).

“Bem, não sei ao certo... Basta! Obrigado... Estou melhor agora... Mas ainda estou abalado demais para contar... Tudo o que sei é que algo me empurrou... uma espécie de boneco de mola... e eu disparei feito um foguete!” “Foi isso mesmo, amigo velho!” disseram os outros. “É melhor pôr fogo na casa!” disse a voz do Coelho.

Então Alice gritou o mais alto que pôde: “Se fizerem isso, eu solto Diná em cima de vocês!” Por um momento fez-se um silêncio mortal, e Alice pensou: “O que será que eles vão fazer agora? Se tivessem bom senso, tirariam o telhado.” Após um ou dois minutos, começaram a mover-se de novo, e Alice ouviu o Coelho dizer: “Uma carriola cheia basta, para começar.” “Uma carriola cheia de quê?” pensou Alice. Mas não teve muito tempo para pensar, pois logo em seguida uma chuva de pedrinhas começou a sacudir a janela, e algumas lhe acertaram o rosto. “Vou pôr um fim nisso”, disse consigo, e gritou: “É

melhor vocês pararem!”, o que produziu mais um silêncio mortal. Alice percebeu, com certa surpresa, que todas as pedrinhas estavam se transformando em pequenos bolos, conforme caíam no chão. E teve uma brilhante idéia: “se eu comer um desses bolos” pensou, “é certo que ocorrerá alguma mudança no meu tamanho. E, como não posso crescer mais, acho bem provável que eu diminua.” Engoliu um dos bolinhos e surpreendeu-se ao ver que tinha começado a encolher instantaneamente.

Assim que atingiu o tamanho suficiente para passar pela porta, correu para fora da casa e encontrou uma pequena multidão de bichos e aves esperando ali. Bill, o pobre lagartinho, estava no meio, amparado por dois porquinhos-da-índia, que lhe davam algo para beber de uma garrafa.

Todos se voltaram bruscamente para Alice quando ela apareceu.

Porém ela correu o mais rápido que pôde e logo se achou a salvo em um bosque fechado.