— Tenha a bondade de sentar.

— Nada disso. Minha enteada esteve aqui. Eu a segui. O

que ela lhe contou?

— Está um pouco frio para essa época do ano - disse Holmes.

— O que ela lhe contou? — berrou o velho, furioso.

— Mas ouvi dizer que as flores da primavera estão brotando — continuou meu amigo, imperturbável.

— Ha! Está querendo me enganar, não é? — disse nosso novo visitante, dando um passo à frente e sacudindo o chicote. — Conheço o senhor, seu bandido! Já ouvi falar do senhor. É Holmes, o intrometido.

Meu amigo sorriu.

— Holmes, o intruso!

O sorriso ficou mais pronunciado.

— Holmes, o empregadinho da Scotland Yard.

Holmes riu gostosamente. — Sua conversa é muito divertida — disse. — Quando sair, tenha a bondade de fechar a porta, pois está criando uma corrente de ar.

— Vou quando tiver dito o que vim dizer. Não ouse se intrometer em meus negócios. Sei que a Srta. Stoner esteve aqui. Eu a segui! Sou um inimigo perigoso. Olhe só. —

Avançou rapidamente, pegou o atiçador de fogo e vergou-o ao meio com as enormes mãos morenas.

— Tenha o cuidado de ficar fora de meu alcance —

rosnou e, atirando o atiçador retorcido na lareira, arremessouse fora da sala.

— Parece um sujeito muito amável — disse Holmes, rindo. — Não sou tão grande quanto ele, mas se tivesse se demorado um pouco mais, ia lhe mostrar que minhas mãos não são mais fracas que as dele. — Enquanto falava, pegou o atiçador de aço e com rápido esforço endireitou-o novamente.

— Imagine a ousadia dele de me confundir com a força oficial de detetives! Esse incidente dá mais sabor à nossa pequena investigação, entretanto, e só espero que nossa amiguinha não venha a sofrer por sua imprudência em se deixar seguir por esse bruto. E agora, Watson, vamos tomar café e depois vou dar um passeio até a Associação dos Doutores em Direito Civil, onde espero conseguir umas informações que poderão nos ajudar nesse assunto. Eram quase treze horas quando Sherlock Holmes voltou de sua excursão.