Como o efeito, porém, se opõe à causa, será infinito de outra maneira.

O nosso universo, porém, é-nos dado como finito e temporal, pois, se o víssemos infinito e eterno, não o poderíamos ver. O mundo externo, pois, como nós o temos e nele vivemos, não pode ser efeito de uma Causa Infinita, mas, tão somente, de uma das manifestações ou criações finitas da Causa Infinita. Temos, pois, que a Causa Infinita é criadora da Realidade, que é infinita, e que uma Causa Finita é criadora do Universo. O Criador do Mundo não é o Criador da Realidade: em outras palavras, não é o Deus inefável, mas um Deus homem ou Homem-Deus, análogo a nós mas a nós superior.

 

Gradação infinita dos seres...

O universo não pode ser infinito, porque infinito é só a infinidade. O universo não pode ser eterno, porque eterna é só a eternidade.

Nem pode haver espaço infinito e tempo infinito pois não pode haver dois infinitos. Espaço e Tempo são dois atributos ou manifestações do infinito, que o simulasse sem o ser. Parecem-nos infinitos, parece-nos que são infinitos — são porém somente indefinidos. (As duas Colunas do Átrio.) No tempo e no espaço decorre a Matéria; só no tempo a Alma; no infinito puro, Deus.

Este Infinito é, porém, só Deus manifesto — não manifesto como mundos senão como Deus. Para além, Supremo deveras, está o Deus Imanifesto — a ausência até do Infinito. E isto representa-se: o Deus Manifesto por um Círculo; o Deus Imanifesto por um ponto no centro do Círculo e isto é, em astrologia escrita, o símbolo do sol, que é a sombra de Deus.

 

Cristo...

A dupla essência, masculina e feminina, de Deus — a Cruz. O mundo gerado, a Rosa, crucificada em Deus.

A criação não é uma emanação mas, mais propriamente, uma limitação, uma negação de Deus por si-mesmo.

Mais certo será dizer que o universo é a negação de Deus, ou a morte de Deus. Como porém a negação ou morte de Deus é necessariamente divina, o universo contém um elemento divino que [é?] a Lei — elemento ausente , por assim dizer, em abstrato.

O único milagre que Deus fez é o universo.

A Lei, Fatum, elemento abstrato de Deus e pelo qual Deus está desencarnadamente manifesto no mundo, se opõe o Cristo que é o desejo do Regresso a Deus, o desejo de Liberdade, de não haver Fatum.

 

Agradecimentos finais

 

Nós, amantes de Pessoa, devemos gratidão a todas estas almas argonautas:

 

Ana Maria Freitas, Fernando Cabral Martins, José Blanco, Leonor Areal, Luísa Freire, Luísa Medeiros, Madalena Dine, Manuel Rosa, Manuela Parreira da Silva, Paula Cristina Cunha, Richard Zenith, Rui Zink, Sebastián Santisi, Teresa Rita Lopes e os demais compiladores, comentadores e divulgadores da mitologia pessoana...

 

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