O que o perdedor faria no caso de Scarlett aceitar um dos dois, os gêmeos não cogitavam. Atravessariam essa ponte quando chegassem a ela. No momento, satisfaziam-se em estar de acordo novamente sobre uma moça, pois entre eles não havia ciúmes. Era uma situação que interessava aos vizinhos e enfurecia a mãe deles, que não gostava de Scarlett.

— Será bem feito se aquela astuciosa aceitar um dos dois — dizia ela. — Ou talvez ela aceite os dois, e então vocês vão ter de se mudar para Utah, se os mórmons os receberem... o que eu duvido... A única coisa que me aborrece é que um dia desses vocês dois se embriagam, ficam com ciúmes um do outro por causa daquela duas-caras de olhos verdes e vão acabar se matando. Mas talvez isso também não seja uma má ideia.

Desde o dia do comício, Stuart ficava desconfortável na presença de India. Não que ela o tivesse censurado ou desse a perceber por algum olhar ou gesto que notara sua súbita mudança de devoção. Era educada demais para tanto. Mas Stuart sentia-se culpado e pouco à vontade com ela. Tinha consciência de que despertara os sentimentos da jovem e sabia que ela ainda o amava e, no fundo do coração, sentia que não agira como um cavalheiro. Ele ainda gostava muito de India, e a respeitava por seus modos finos e serenos, sua erudição e todas as excelentes qualidades que possuía. Mas, droga, ela era tão pálida, desinteressante e monótona se comparada ao encanto fascinante e sempre renovado de Scarlett! Você sempre sabia onde pisava com India e nunca tinha a mínima ideia com Scarlett. Isso era suficiente para levar um homem à loucura, mas tinha seu encanto.

— Bem, vamos até a casa de Cade Calvert para jantar. Scarlett falou que Cathleen chegou de Charleston. Talvez ela tenha notícias do forte Sumter.

— Cathleen? Duvido! Posso apostar que ela nem sequer sabe onde fica o forte, muito menos que estava cheio de ianques até os expulsarmos de lá. Só o que ela vai saber é dos bailes que frequentou e dos rapazes que conquistou.

— Bem, é divertido ouvi-la tagarelar. E vai ser um bom abrigo até mamãe se recolher.

— Ah, com os diabos! Eu até que gosto de Cathleen, e ela é engraçada. Além do mais, seria bom ouvir sobre Caro Rhett e o resto do pessoal de Charleston, mas duvido que consiga aguentar outro jantar com aquela madrasta ianque dela.

— Não seja tão duro, Stuart. Ela tem boas intenções.

— Não estou sendo duro. Sinto pena dela, mas não gosto de sentir pena das pessoas. E ela se esforça demais para que nós fiquemos à vontade. Tanto que sempre acaba dizendo e fazendo exatamente o contrário. Isso me dá nos nervos! E ela considera os sulistas uns bárbaros selvagens. Até falou isso para mamãe. Ela tem medo de sulistas. Sempre que estamos lá, ela parece estar apavorada. Ela me lembra uma galinha magra empoleirada em uma cadeira, os olhos meio vidrados e amedrontados, pronta para bater as asas e soltar um grito ao menor movimento de alguém.

— Bem, você não pode culpar a coitada. Você realmente deu um tiro na perna de Cade.

— Bem, eu só fiz aquilo porque estava bêbado — disse Stuart.