Pediu em voz alta que lhe ser-vissem de guia.
Ofereci-lhe a mão: o misterioso velho apertou-a com for-6
ça e, em voz terrível, ordenou-me que o levasse imediatamente à presença do Capitão.
Acompanhei-o. Vendo o cego, o Capitão ficou assombrado e procurou fugir; mas o mendigo ordenou-lhe que ficasse quieto; pôs-lhe então na palma do mão qualquer coisa que não consegui ver o que era e saiu da sola com incrível agilidade.
Refeito da surpresa, o Capitão me disse que ainda lhe res-tavam seis horas e meia para conseguir o que queria e encaminhou-se para a porta. Não, chegou a alcançá-la.
Levando uma dos mãos à garganta, cambaleou e, com um estertor abafado, caiu ao chão.
0 Capitão morrera de um derrame cerebral.
Logo após a sua morte, contei a minha mãe tudo quanto sabia. Resolvemos então, de comum acordo, apanhar o célebre baú e levá-lo sem demora à casa do Dr. Livesey.
Mas, antes disso, passamos pela cosa de uns amigos nossos e muni-me de uma pistola. Voltamos à nossa estalagem, onde encontramos o cadáver do pobre Capitão tal como o deixáramos. Ajoelhei-me junto do morto e, ven-cendo a minha repugnância, tirei-lhe do pescoço uma pequeno e fina chave. Saímos então do quarto e minha mãe pôde facilmente abrir o baú.
Levantada a tampo, vimos duas bonitos pistolas, tabaco, uma borra de prata, diversos objetos e, num envoltório, embranquecido pela água do mar, um embrulhinho enrola-do em tecido impermeável, que continha documentos, e um saquinho cheios de moedas.
Abrimos o pacote e pusemo-nos a contar o dinheiro. Mas 7
daí a pouco tivemos de fugir a toda a pressa, porque ouvi-mos uma batida no porto e logo depois um assobio; isso nos fez compreender que os inimigos do pobre Capitão estavam por ali.
Deixando precipitadamente a estalagem, com o saquinho de moedas e os documentos, paramos ofegantes nas vizi-nhanças e, escondidos numas .grandes moitas, preparamo-nos para ver o que aconteceria.
Os nossos inimigos, em número de sete ou oito, chegaram logo depois. Entraram no estalagem, avistaram o cadáver do pobre Capitão e revistaram-no minuciosamente.
Não encontrando a chave nem os documentos que eu trou-xera comigo, ficaram furiosos e depredaram todo o estabelecimento. Quando, no auge da exasperação, se prepa-ravam para atear-lhe fogo, um assobio cortou os ares.
Ouvindo-o, os bandidos olharam em volta amedrontados, gritaram que o seu terrível inimigo se aproximava e puseram-se em. fuga um após outro.
Em vão o cego, que os chefiava, procurou detê-los com ameaças e insultos, aconselhando-lhes calma e coragem.
Em poucos instantes se viu só. Tentou retroceder, mas uma companhia de guardas aduaneiros, que chegava a galope, lhe embargou os passos. Saí então do meu esconderijo e voltei à hospedaria. Encontrei à entrado o inspetor Dance, que me pediu para contar-lhe tudo quanto vira e, após o interrogatório, ordenou-me que o levasse ao Dr.
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