Logo após a sua morte, contei a minha mãe tudo quanto sabia. Resolvemos então, de comum acordo, apanhar o célebre baú e levá-lo sem demora à casa do Dr. Livesey.
Mas, antes disso, passamos pela cosa de uns amigos nossos e muni-me de uma pistola. Voltamos à nossa estalagem, onde encontramos o cadáver do pobre Capitão tal como o deixáramos. Ajoelhei-me junto do morto e, ven-cendo a minha repugnância, tirei-lhe do pescoço uma pequeno e fina chave. Saímos então do quarto e minha mãe pôde facilmente abrir o baú.
Levantada a tampo, vimos duas bonitos pistolas, tabaco, uma borra de prata, diversos objetos e, num envoltório, embranquecido pela água do mar, um embrulhinho enrola-do em tecido impermeável, que continha documentos, e um saquinho cheios de moedas.
Abrimos o pacote e pusemo-nos a contar o dinheiro. Mas 7
daí a pouco tivemos de fugir a toda a pressa, porque ouvi-mos uma batida no porto e logo depois um assobio; isso nos fez compreender que os inimigos do pobre Capitão estavam por ali.
Deixando precipitadamente a estalagem, com o saquinho de moedas e os documentos, paramos ofegantes nas vizi-nhanças e, escondidos numas .grandes moitas, preparamo-nos para ver o que aconteceria.
Os nossos inimigos, em número de sete ou oito, chegaram logo depois. Entraram no estalagem, avistaram o cadáver do pobre Capitão e revistaram-no minuciosamente.
Não encontrando a chave nem os documentos que eu trou-xera comigo, ficaram furiosos e depredaram todo o estabelecimento. Quando, no auge da exasperação, se prepa-ravam para atear-lhe fogo, um assobio cortou os ares.
Ouvindo-o, os bandidos olharam em volta amedrontados, gritaram que o seu terrível inimigo se aproximava e puseram-se em. fuga um após outro.
Em vão o cego, que os chefiava, procurou detê-los com ameaças e insultos, aconselhando-lhes calma e coragem.
Em poucos instantes se viu só. Tentou retroceder, mas uma companhia de guardas aduaneiros, que chegava a galope, lhe embargou os passos. Saí então do meu esconderijo e voltei à hospedaria. Encontrei à entrado o inspetor Dance, que me pediu para contar-lhe tudo quanto vira e, após o interrogatório, ordenou-me que o levasse ao Dr. Livesey.
Este não se achava em casa. Tornamos montar a cavalo e em pouco tempo chegamos ao castelo do Sr. Trelowney.
Ali, diante do médico e do cavaleiro - assim queria o Sr.
Trelawney que lhe chamassem - o inspetor Dance contou-nos a sua história.
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Quando terminou, o doutor me perguntou se ainda tinha em meu poder o embrulho que os bandidos haviam debal-de procurado, e eu, como resposta, entreguei-lho.
Antes de examiná-lo, porém, o Dr.
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