James Desmond é um sacerdote idoso em Westmorland.”

“Muito obrigado. Estes detalhes são todos de grande interesse. Conhece Mr. James Desmond?”

“Sim; uma vez ele foi visitar Sir Charles. É um homem de aparência venerável e vida virtuosa. Lembro que se recusou a aceitar qualquer doação de Sir Charles, embora este insistisse.”

“E esse homem de gostos simples seria o herdeiro dos milhares de Sir Charles?”

“Seria o herdeiro da propriedade, porque ela está vinculada. Herdaria também o dinheiro, a menos que testado de outra maneira pelo atual proprietário, que pode, é claro, fazer com ele o que quiser.”

“Fez seu testamento, Sir Henry?”

“Não, Mr. Holmes, não fiz. Não tive tempo, pois foi somente ontem que tomei pé na situação. De todo modo, parece-me que o dinheiro deve acompanhar o título e a propriedade. Essa era a ideia de meu pobre tio. Como poderá o proprietário restaurar as glórias dos Baskerville se não tiver dinheiro suficiente para conservar a propriedade? Casa, terras e dólares devem andar juntos.”

“Naturalmente. Bem, Sir Henry, estou inteiramente de acordo consigo quanto à conveniência de que vá para Devonshire sem mais tardar. Há apenas uma condição que devo impor. Certamente não deve ir sozinho.”

“O dr. Mortimer voltará comigo.”

“Mas o dr. Mortimer tem sua clientela para atender, e a casa dele fica a quilômetros da sua. Com toda a boa vontade do mundo, ele talvez seja incapaz de ajudá-lo. Não, Sir Henry, deve levar alguém consigo, um homem de confiança, que esteja sempre ao seu lado.”

“Seria possível que o senhor mesmo fosse, Mr. Holmes?”

“Se o caso chegar a uma crise, eu me esforçarei para estar presente em pessoa; mas o senhor há de compreender que, com minha ampla clientela e os constantes apelos que me chegam de muitos lugares, não posso me ausentar de Londres por um tempo indefinido. No presente momento, um dos nomes mais reverenciados da Inglaterra está sendo manchado por um chantagista, e somente eu posso sustar um escândalo desastroso. Compreenderá o quanto me é impossível ir para Dartmoor.”

“Nesse caso, quem recomendaria?”

Holmes pousou a mão sobre o meu braço.

“Se meu amigo se incumbisse disso, não haverá homem melhor para o senhor ter a seu lado quando estiver em apuros. Ninguém pode dizer isso com mais segurança que eu.”

A proposta me pegou completamente de surpresa, mas, antes que eu tivesse tempo de responder, Baskerville agarrou-me a mão e apertou-a entusiasticamente.

“Bem, é realmente muita bondade sua, dr. Watson”, disse. “O senhor conhece o meu jeito, e sabe tanto sobre o assunto como eu. Se vier para o Solar Baskerville e me ajudar, nunca me esquecerei disso.”

A promessa de aventura encerrava sempre um fascínio para mim, e senti-me lisonjeado pelas palavras de Holmes e pela animação com que o baronete me saudou como companheiro.

“Irei com prazer”, respondi. “Não sei que emprego melhor poderia dar ao meu tempo.”

“E me manterá meticulosamente informado”, disse Holmes. “Quando uma crise ocorrer, como certamente ocorrerá, determinarei como deve agir. Suponho que até sábado tudo poderia estar pronto?”

“Isso seria conveniente para o dr. Watson?”

“Perfeitamente.”

“Então no sábado, a menos que lhe comuniquemos outra coisa, nós nos encontraremos no trem que sai de Paddington às 10h30.”

Havíamos nos levantado para sair quando Baskerville soltou um grito de triunfo e, enfiando-se num dos cantos da sala, puxou uma botina marrom de debaixo de um armário.

“Minha botina perdida!”

“Possam todas as nossas dificuldades desaparecer tão facilmente!” exclamou Holmes.

“Mas isto é algo muito singular”, observou o dr.