Ele o abriu e viu que era de Dorian. Era para lhe dizer que ele se comprometera a se casar com Sybil Vane.
[1] Pseudônimo de Claude Michel, escultor francês (1738 – 1814), de estilo rococó.
[2] Coleção de histórias em francês que teriam ocorrido durante o reinado de Filipe, o Belo, e compiladas por Antoine de la Sale em meados do século 15. É considerada por especialistas como o primeiro trabalho em prosa da literatura francesa. Não está claro porque Wilde credita a compilação das histórias a Clovis Eve. Margaret de Valois foi uma nobre francesa que se casou com o rei navarro Henrique IV.
[3] “L’Histoire du Chevalier des Grieux et de Manon Lescaut” de autoria de Antoine Prévost, publicado em 1731 que inspiraria as óperas do compositor francês Jules Massennet e do compositor italiano Giacomo Puccini, apresentadas em 1884 e 1893, respectivamente.
[4] Ópera em três atos composta por Richard Wagner. Sua estreia ocorreu em Weimar, em 28 de agosto de 1850, sob a direção de Franz Liszt.
[5] Moeda de ouro inglesa em uso a partir de 1663 e que permaneceu em circulação até 1813, equivalente a 20 e depois a 21 xelins.
[6] Adaptação de um ditado francês, “Les grand esprits ont tourjours tort”, ou “Os grandes espíritos sempre estão errados”. Aqui, a tradução aproximada seria “Os avós estão sempre errados”.
CAPÍTULO 4
“Suponho que já saiba das novas, Basil”, disse lorde Henry na noite seguinte, enquanto Hallward era levado à pequena sala particular no Bristol, onde o jantar fora posto para três.
“Não, Harry”, respondeu Hallward, entregando seu chapéu e seu casaco ao reverente garçom. “O que é? Nada sobre política, espero. Isso não me interessa. Não há uma única pessoa na Câmara dos Comuns que valha a pena pintar; embora que para muitos deles fosse melhor um pouco de caiadura”.
“Dorian Gray está comprometido a se casar”, disse lorde Henry, olhando-o enquanto falava.
Hallward ficou perfeitamente pálido e um olhar curioso pulsou por um momento em seus olhos, e então sumiu, deixando-os embotados. “Dorian comprometido a se casar!”, ele exclamou. “Impossível!”
“É completamente verdade”.
“Com quem?”
“Com alguma atriz dessas”.
“Não posso acreditar. Dorian é bem mais sensível que isto”.
“Dorian é bem mais esperto para não fazer tolices de vez em quando, meu caro Basil”.
“O casamento é dificilmente algo que se possa fazer de vez em quando, Harry”, disse Hallward, sorrindo.
“Menos nos Estados Unidos. Mas eu não disse que ele estava casado. Disse que ele estava comprometido a se casar. Há uma grande diferença. Tenho uma lembrança distinta de ter me casado, mas não tenho nenhuma lembrança de um dia estar comprometido. Estou inclinado a pensar que nunca estive”.
“Mas pense no berço, na posição e na riqueza de Dorian. Seria absurdo se casar com alguém tão abaixo dele”.
“Se você quer que ele se case com esta garota, diga-lhe exatamente isto, Basil. Ele está disposto a fazê-lo. Toda vez que um homem faz uma coisa completamente estúpida, é sempre a partir dos mais nobres motivos”.
“Espero que essa garota seja boa, Harry. Não quero ver Dorian preso a uma criatura vil, que poderia degradar sua natureza e arruinar seu intelecto”.
“Oh, ela é mais que boa... ela é bonita”, murmurou lorde Henry, bebericando um copo com vermute com laranjas amargas. “Dorian diz que ela é bonita; e ele não se engana frequentemente com coisas deste tipo. O retrato que pintou dele apressou nele a apreciação das aparências pessoais de toda a gente. Teve este excelente efeito, dentre outros. Iremos vê-la esta noite, se aquele garoto não se esquecer do seu compromisso”.
“Mas você aprova isso, Harry?”, perguntou Hallward, caminhando pela sala e mordendo os lábios. “Você não pode aprovar isso, evidentemente. É alguma paixão tola”.
“Eu nunca aprovo ou desaprovo coisa alguma. É uma atitude absurda com relação à vida.
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