Seu cunhado, Mr. Hurst, pouco se parecia com o cavalheiro; mas seu amigo, Mr. Darcy, logo atraiu a atenção da sala com sua admirável figura esguia, seus belos traços, seu ar nobre e o boato, que estava em circulação cinco minutos após sua entrada, de possuir uma renda anual de dez mil. Os cavalheiros o elegeram como uma excelente imagem masculina, as damas declararam que ele era muito mais bonito do que Mr. Bingley e foi encarado com grande admiração por quase metade da noite, até que seus modos causaram um desgosto que reverteu sua maré de popularidade; pois se descobriu que ele era orgulhoso; que ele estava acima dos demais, acima de ser satisfeito; e nem toda a sua propriedade em Derbyshire poderia evitar que ele tivesse uma feição mais proibitiva e desagradável, e ser indigno de comparação com seu amigo.
Mr. Bingley logo travou relações com todas as pessoas mais importantes na sala; ele era animado e sem reservas, dançou todas as músicas, ficou bravo pelo baile ter se encerrado tão cedo e falou de ele mesmo organizar um em Netherfield. Tais amáveis qualidades devem falar por si mesmas. Que contraste entre ele e seu amigo! Mr. Darcy dançou apenas uma vez com Mrs. Hurst e outra com Miss Bingley, declinou ser apresentado a qualquer outra dama e passou o resto da noite caminhando pela sala, falando ocasionalmente com alguém de seu próprio grupo. Seu caráter estava formado: ele era o mais orgulhoso e o mais desagradável homem do mundo, e todos esperavam que ele nunca mais voltasse. Entre os mais violentos contra ele estava Mrs. Bennet, cujo desprazer pelo seu comportamento geral se afiava com o ressentimento particular por ele ter diminuído uma de suas filhas.
Elizabeth Bennet tinha sido obrigada, pela escassez de cavalheiros, a se sentar por duas danças; e, durante parte desse tempo, Mr. Darcy estivera próximo o bastante para que ela pudesse ouvir uma conversa entre ele e Mr. Bingley, que deixara de dançar por poucos minutos para pressionar seu amigo a se juntar à dança.
“Vamos, Darcy”, disse ele, “Tenho que fazê-lo dançar. Odeio vê-lo sozinho deste modo estúpido. Você aproveitaria mais dançando.”
“Certamente não. Você bem sabe o quanto detesto isto, a menos que esteja especialmente familiarizado com minha parceira. Em um baile como este, isto seria insuportável. Suas irmãs estão comprometidas e não há outra mulher na sala com quem ficar que não seria uma punição para mim.”
“Não seria tão fastidioso como você”, exclamou Mr. Bingley, “por Deus! Dou-lhe minha palavra que nunca encontrei jovens tão agradáveis em minha vida quanto nesta noite; e há várias delas que você pode ver que são raramente belas.”
“Você está dançando com a única jovem formosa na sala”, disse Mr. Darcy, olhando para a mais velha das jovens Bennet.
“Ó! Ela é a mais bela criatura na qual já pus meus olhos! Mas há uma de suas irmãs sentada atrás de você, que é muito bonita, e ouso dizer, muito agradável. Permita-me pedir à minha parceira que a apresente.”
“A quem se refere?” e, virando-se por um momento, viu Elizabeth, que cruzou seu olhar fazendo-o retrair o seu, e friamente disse, “Ela é tolerável, mas não bela o bastante para me tentar; não estou com humor no momento para dar consequência a jovens damas que são desprezadas por outros homens. É melhor que volte para sua parceira e aprecie seus sorrisos, pois está perdendo tempo comigo.”
Mr. Bingley seguiu seu conselho. Mr. Darcy se afastou; e Elizabeth permaneceu sem sentimentos muito cordiais para com ele. Ela contou o fato, porém, com muita graça entre suas amigas; pois tinha uma disposição vívida e divertida, que tornava aprazível qualquer coisa ridícula.
A noite passou agradavelmente, de modo geral, para toda a família. Mrs. Bennet viu sua filha mais velha muito admirada pelo grupo de Netherfield.
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