x, pág. 357), sugeriu que, do mesmo modo que as novas doenças, causadas talvez por algum miasma, têm aparecido e se têm espalhado no mundo, da mesma forma gérmenes de espécies existentes puderam ser, em certos períodos, quimicamente afectados por moléculas ambientes de natureza particular, e dar origem a novas formas. No mesmo ano de 1853, o Dr. Schaaffhausen publicou uma excelente brochura (Verhandt. des Naturhist. Vereirs der Preuss. Rhein Lands, etc.), na qual explica o desenvolvimento progressivo das formas orgânicas sobre a Terra. Julga que numerosas espécies 1 Parece resultar das citações feitas em «Untersuchungen über die EntwickelungsGeselze», de Bronn, que Unger, botânico e paleontólogo distinto, tornou pública, em 1852, a opinião de que as espécies sofreram um desenvolvimento e modificações. D’Alton exprimiu a mesma opinião em 1821, na obra sobre os fósseis, na qual colaborou com Pander. Oken, na sua obra mística «Natur-Philosophie», sustentou opiniões análogas. Parece resultar dos ensinamentos contidos na obra «Sur VEspéce», de Godron, que Bory Saint-Vicent, Burdach, Poiret et Pries admitiram todos a continuidade da produção de novas espécies. -Devo juntar que em 34 autores citados nesta notícia histórica, que admitem a modificação das espécies, e rejeitam os actos da criação isolados, há 27 que escreveram sobre ramos especiais de história natural e geologia.
XV
persistem há muito tempo, sendo modificadas algumas somente, e explica as diferenças actuais pela destruição das formas intermédias. «Assim as plantas e os animais vivos não estão separados das espécies atingidas por novas criações, mas devem considerar-se como seus descendentes por via de geração regular».
M. Lecoq, botânico francês muito conhecido, nos seus Êtudes sur la Géographie Botanique, vol. i, p. 250, escreveu em 1854: “Vê-se que os nossos estudos sobre a fixação ou variação da espécie nos conduzem directamente às ideias emitidas por dois homens justamente célebres, Geoffroy Saint-Hilaire e Goethe”. Várias outras passagens esparsas na obra de M. Lecoq deixam algumas dúvidas sobre os limites que assinala às suas opiniões sobre as modificações das eSpéCieS.
Nos seus Essays on the Unity of Worlds, 1855, o reverendo Baden Powell tratou magistralmente a filosofia da criação. Não se pode demonstrar de uma maneira mais frisante como a aparição de uma espécie nova «é um fenómeno regular e não casual», ou, segundo a expressão de sir John Herschell, «um
processo natural por oposição ao processo miraculoso».
O terceiro volume do Journal of the Linnean Society, publicado em 1 de Julho de 1858, contém algumas memórias de M. Wallace e minhw, nas quais, como eu constato na introdução do presente volume, M. Wallace enuncia com muita clareza e precisão a teoria da selecção natural.
Von Baer, tão respeitado entre os zoólogos, exprimiu em
1859 (ver Prof. Rud. Wagner, Zoologisch-Anthropologische Untersuchungen, p. 51, 1861), a sua convicção, fundada sobretudo nas leis da distribuição geográfica, que formas actualmente distintas no mais alto grau são descendentes de um progenitor único. Em Junho de 1859, o professor Huxley, numa conferência perante a instituição real sobre
«os tipos persistentes da vida animal», fez os seguintes reparos: É difícil compreender a significação dos factos desta natureza, se supusermos que cada espécie de animais, ou de plantas, ou cada tipo de organização, foi formado e colocado na Terra, a longos intervalos, por um acto distinto do poder criador; e é necessário também lembrar que uma suposição tal é também pouco apoiada pela tradição ou revelação, que é muitíssimo oposta à analogia geral da natureza.
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