A vida é um mendigo bêbado
Que estende a mão à sua própria sombra.
Dormimos o universo. A extensa massa
Da confusão das coisas nos enlaça.
Sonhos; e a ébria confluência humana
Vazia ecoa-se de raça em raça.
Ao gozo segue a dor, e o gozo a esta.
Ora o vinho bebemos porque é festa,
Ora o vinho bebemos porque há dor.
Mas de um e de outro vinho nada resta.
(Contemporânea, n.º3, 3.ª série, julho-outubro de 1926)
************************************
Título: Poemas
Autor: Fernando Pessoa
© Edições Vercial, Braga, 2010-2015
ISBN: 978-989-8392-43-5
************************************
.
1 comment