Logo atrás dela vinha uma segunda com quatro lugares, ocupados pelo major, o ajudante de ordens do coronel e mais dois oficiais sentados defronte. Vinha em seguida aquela drojki do regimento bem conhecida por todos e manejada desta vez pelo corpulento major. Um bon voyage de quatro lugares vinha logo atrás, com quatro oficiais segurando um quinto no colo. Atrás do bon voyage exibiam-se três oficiais montados em maravilhosos cavalos baios malhados.

— Será que estão vindo para cá? — pensou a dona da casa. — Ah, meu Deus! É mesmo, eles viraram na ponte! — Ela soltou um grito, ergueu os braços e correu pelo canteiro de flores direto para o quarto de seu marido. Ele dormia como um morto.

— Levante. Levante! Levante rápido! — gritava, pegando-o pelo braço.

— Hein? — murmurou Tchertokútski e espreguiçou sem abrir os olhos.

— Levante, meu pomponzinho! Não está ouvindo? Temos visitas!

— Visitas, como visitas? E dizendo isto, emitiu um pequeno grunhido como um bezerro que procura com o focinho as tetinhas da mãe.

— Mm... — resmungou. — Traga aqui esse pescocinho, minha mumu, que vou te dar um beijinho.

— Levanta, meu amorzinho, pelo amor de Deus, rápido! Vem aí o general e seus oficiais! Ah, santo Deus, você tem bardanas nos bigodes.

— O general? Então ele já vem vindo? Por que diabos ninguém me acordou? E o almoço, então já está tudo pronto para o almoço?

— Que almoço?

— Será possível que eu não encomendei?

— Você? Você chegou às quatro horas da manhã e, por mais que eu fizesse perguntas, você não respondia nada. Foi por isso, meu pomponzinho, que não acordei você. Me deu tanta pena, você não dormiu nada. — Ela disse estas últimas palavras com uma voz especialmente lânguida e suplicante.

Tchertokútski, com os olhos arregalados, ficou estarrecido na cama por um minuto. Depois pulou da cama só de camisa, sem se dar conta de que isto era bem indecoroso.

— Ah, sou um cavalo mesmo! — exclamou, batendo na testa. — Convidei-os para almoçar. O que fazer agora? Estão longe?

— Não sei...Devem chegar a qualquer momento.

— Minha querida... esconda-se!... Ei, quem está aí? Você mesma, mocinha, venha cá! Mas tem medo do quê? Os oficiais vão chegar neste instante. Você vai dizer que o seu senhor não está em casa, diga que ele não vai voltar, que saiu desde manhã bem cedo, está escutando?! Previna também todos os criados. Vá, vá logo!

Dito isto, vestiu às pressas o roupão e correu a se esconder na cocheira, supondo que ali estaria são e salvo. Mas, ao se instalar em um canto, percebeu que também ali alguém poderia encontrá-lo.

— Ali é bem melhor — pensou com seus botões, e em um minuto abaixou o estribo da carruagem perto dele, pulou para dentro, fechou atrás de si as portinholas e, para maior segurança, cobriu-se com uma manta, mais a cobertura de couro e, bem quietinho, ficou encolhido em seu roupão.

Enquanto isso, as carruagens já haviam parado diante da entrada.

O general desceu e se sacudiu; logo atrás surgiu o coronel ajeitando o penacho do chapéu. Em seguida, sabre embaixo do braço, saltou da drojki o major corpulento. Para fora do bon voyage, lançaram-se depois os esbeltos tenentes e o sargento que eles carregavam no colo e, por fim, desceram de seus cavalos os imponentes oficiais.

— O senhor não está em casa — disse um lacaio, aparecendo no terraço da entrada.

— Mas como não está? Mas deve estar para o almoço, não?

— De modo algum. Estará fora o dia todo. Talvez amanhã por volta deste mesmo horário já esteja por aqui.

— Mas veja só isso! — disse o general. — Como é possível?

— Aposto que é uma brincadeira — exclamou o coronel, rindo.

— Ah, não, isto não se faz! Prosseguiu o general nada satisfeito. Arre... que diabo! Se não podia nos receber, então por que convidou?

— Realmente não entendo, Excelência, como se pode fazer uma coisa dessas — replicou um dos jovens oficiais.

— Quê? — disse o general, que tinha o hábito de empregar esta partícula interrogativa sempre que falava com um oficial subalterno.

— Eu disse, Excelência: como é possível comportar-se dessa maneira.

— Certamente. Se algo aconteceu, ao menos avisasse, ou então não fizesse o convite.

— Bem, Excelência, não há nada a fazer, vamos embora! — disse o coronel.

— É claro que não há o que fazer. Mas, pensando bem, podemos ver a tal carruagem mesmo sem ele. Com certeza não a levou consigo. Ei, você aí, venha cá, meu caro!

— O que deseja?

— Você é o cavalariço?

— Sim senhor, Excelência.

— Mostre-nos a nova carruagem que o seu senhor adquiriu há pouco tempo.

— Acompanhe-me, por favor, até a estrebaria.

O general dirigiu-se com os oficiais à estrebaria.

— Eis aqui, mas permita-me empurrá-la um pouco, está meio escuro.

— Chega, chega, já está bom!

O general e os oficiais deram uma volta ao redor da carruagem e examinaram cuidadosamente as rodas e as molas.

— Bem, não vejo nada de especial — disse o general.