Em qualquer estação do ano, e qualquer que fosse o tempo que fizesse quando ele saía, Ágata ficava à janela, acompanhando o marido com o olhar até que ele dobrasse a esquina da Rue du Bac. Então, ela mesma tirava a mesa e corria os olhos pelo apartamento; depois, vestia-se, brincava com os filhos, levava-os a passear ou recebia visitas enquanto esperava a volta de Bridau. Quando o chefe de divisão trazia para casa serviços urgentes, ela ficava junto à mesa, no escritório, muda como uma estátua e fazendo tricô enquanto via o marido trabalhar, ficando acordada tanto tempo quanto ele e indo deitar-se alguns momentos antes do esposo. Às vezes, o casal ia ao teatro, no camarote do ministério. Nesses dias, jantavam fora de casa, e então o espetáculo que o restaurante apresentava sempre causava à sra. Bridau esse vivo prazer que ele proporciona às pessoas que vêm pela primeira vez a Paris. Obrigada muitas vezes a aceitar os grandes jantares de cerimônia oferecidos ao chefe de divisão, que dirigia uma parte do Ministério do Interior, e que Bridau retribuía condignamente, Ágata obedecia ao luxo do vestuário apropriado; mas, ao voltar para casa, despia-se, com prazer, dessa riqueza pomposa e retomava no lar sua simplicidade de provinciana. Uma vez por semana, às quintas-feiras, Bridau recebia os amigos. Dava, além disso, um grande baile na terça-feira gorda. Essas poucas palavras constituem a história de toda aquela vida conjugal que teve apenas três grandes acontecimentos: o nascimento de dois filhos, com três anos de intervalo, e a morte de Bridau, em 1808, consumido por suas constantes vigílias no momento em que o imperador ia nomeá-lo diretor-geral, conde e conselheiro do Estado. Nessa época, Napoleão dedicou-se especialmente aos negócios do Interior, sobrecarregou Bridau de trabalho e acabou de arruinar a saúde desse intrépido burocrata. Napoleão, a quem Bridau nunca pedira nada, indagou de seus hábitos e de sua fortuna. Informado de que esse homem dedicado não possuía nada mais além do cargo, reconheceu nele uma daquelas almas incorruptíveis que elevavam e moralizavam sua administração e quis surpreender Bridau com brilhantes recompensas. O desejo de concluir um trabalho antes da partida do imperador para a Espanha matou o chefe de divisão, que sucumbiu a uma febre inflamatória.
Ao regressar, o imperador, que veio organizar em poucos dias, em Paris, sua campanha de 1809, disse, ao ter conhecimento daquela perda:
— Há homens que a gente nunca pode substituir!
Impressionado com uma dedicação que não esperada de nenhum daqueles brilhantes testemunhos reservados aos seus soldados, o imperador resolveu criar uma ordem altamente remunerada para os civis, como criara a Legião de Honra para os militares. A impressão que recebeu com a morte de Bridau sugeriu-lhe a criação da ordem da Reunião; não teve, porém, tempo de concluir essa criação aristocrática, cuja recordação já está tão apagada que, ao ouvir o nome dessa ordem efêmera, a maioria dos leitores se perguntará qual era sua insígnia: era usada com uma fita azul. O imperador denominou-a ordem da Reunião com a intenção de confundir a ordem do Tosão de Ouro da Corte da Espanha com a ordem do Tosão de Ouro da Corte da Áustria. A Providência — disse um diplomata prussiano — soube impedir essa profanação.
O imperador pediu informações sobre a situação da sra. Bridau. Cada um dos filhos teve uma bolsa completa no liceu imperial e o imperador deixou todas as despesas de sua educação a cargo de sua conta de despesas pessoais. Além disso, concedeu à sra. Bridau uma pensão de quatro mil francos, incumbindo-se de velar pela sorte dos dois filhos.
Desde seu casamento até a morte do marido, a sra. Bridau não teve o menor contato com Issoudun. Estava em vésperas de dar à luz o segundo filho quando perdeu a mãe. Quando seu pai, de quem se sabia pouco estimada, faleceu, estava sendo preparada a coroação do imperador, e isso deu tanto trabalho a Bridau que ela não quis afastar-se do marido. João-Jaques Rouget, seu irmão, não lhe escrevera uma única palavra desde sua partida de Issoudun. Aflita com o tácito repúdio da família, Ágata acabou por pensar muito raramente naqueles que não pensavam nela. Recebia todos os anos uma carta da madrinha, sra. Hochon, a quem respondia com frases banais, sem prestar atenção aos conselhos que a excelente e piedosa senhora lhe enviava nas entrelinhas.
Pouco antes da morte do dr. Rouget, a sra. Hochon escreveu à afilhada, informando-a de que ela não herdaria nada do pai se não mandasse uma procuração ao sr.
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