Desconcertado, ele desceu do cavalo, e Helga o seguiu e atacou com uma faca. De repente, Helga tropeçou nas raízes de uma árvore e caiu perto de uma pequena fonte de água. O sacerdote borrifou água fresca nela e a batizou em nome de Cristo. Mas a água de batismo não tem poder quando a fé não vem de dentro. Ainda assim, uma força maior que a humana prevaleceu sobre ela.
Fascinada, Helga se aconchegou nos braços do sacerdote, que pegou dois galhinhos de árvore e os amarrou, formando uma cruz, dizendo:
– A luz que vem do alto nos visitou para brilhar sobre os que estão sentados na escuridão e guiar nossos pés pelo caminho da paz.
Juntos, cavalgaram pela floresta em direção à cidade cristã de Hedeby. O coração de Helga estava cheio de fé e de amor cristão.

Os dois entraram cada vez mais na floresta e então toparam com um bando de ladrões.
– Onde você encontrou essa garota linda? – gritou um deles. Um outro segurou o cavalo e começou a atacá-los com um machado.
Quando o Sol se pôs, o sacerdote e o cavalo estavam feridos mortalmente. Os ladrões pegaram Helga, mas ela se transformou em sapo e desapareceu.
Depois que os bandidos se foram, o sapo voltou para junto do sacerdote e do cavalo. Estavam mortos. Durante toda a noite Helga, como sapo, trabalhou para cobrir seus corpos com folhas, galhos, pedras e musgo. Ao amanhecer, lágrimas rolaram de seu rosto de princesa pela primeira vez. As duas naturezas lutavam dentro dela.

A noite chegou, e Helga transformou-se em sapo novamente. Dessa vez, contudo, havia um raio de humanidade em seus olhos. Aqueles olhos começaram a chorar lágrimas que vinham do coração. Ela ergueu a cruz de galhos que o sacerdote fizera e a colocou no túmulo dele. Então, desenhou na terra uma cruz. Ao fazê-lo, grossas camadas de pele de sapo caíram de suas mãos como luvas pesadas. Seus lábios começaram a tremer, e ela gaguejou enquanto dizia:
– Jesus é o Cristo. – Com essas palavras, seu formato de sapo se desvaneceu, e ela voltou a ser uma bela jovem.

Então o sacerdote lhe apareceu, envolto em uma luz.
– Filha do pântano – disse ele –, para quem está na Terra, as coisas parecem demorar muito. Na eternidade, porém, não existe o tempo. Um dia, você também entrará nesse reino eterno. Mas primeiro deverá atingir o objetivo de sua vida.
O sacerdote colocou Helga sobre o cavalo e montou à sua frente. Erguendo a cruz que estava sobre o túmulo, eles começaram a voar.
Por fim, eles se aproximaram do pântano. Cantaram um hino, e, imediatamente, o junco começou a florir, e logo o pântano ficou coberto de lótus. Sobre ele jazia uma mulher. Helga pensou que fosse seu reflexo na água, mas era sua mãe, a princesa egípcia, esposa do rei. A mulher foi carregada para a margem pelo cavalo. Então, cavalo e sacerdote desapareceram na neblina.
Ao lado do pântano, mãe e filha se abraçaram.
– Minha filha, flor do meu coração, meu lótus de águas profundas! – exclamou a princesa mãe.
Ela contou sua história à filha. O papai cegonha pegou os dois mantos emplumados que escondera e os jogou para as duas. Elas os vestiram e levantaram voo como cisnes brancos.
– A flor de lótus que eu devia ter levado para casa está voando ao meu lado! – disse a mãe.
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