Os ladrões pegaram Helga, mas ela se transformou em sapo e desapareceu.

Depois que os bandidos se foram, o sapo voltou para junto do sacerdote e do cavalo. Estavam mortos. Durante toda a noite Helga, como sapo, trabalhou para cobrir seus corpos com folhas, galhos, pedras e musgo. Ao amanhecer, lágrimas rolaram de seu rosto de princesa pela primeira vez. As duas naturezas lutavam dentro dela.

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A noite chegou, e Helga transformou-se em sapo novamente. Dessa vez, contudo, havia um raio de humanidade em seus olhos. Aqueles olhos começaram a chorar lágrimas que vinham do coração. Ela ergueu a cruz de galhos que o sacerdote fizera e a colocou no túmulo dele. Então, desenhou na terra uma cruz. Ao fazê-lo, grossas camadas de pele de sapo caíram de suas mãos como luvas pesadas. Seus lábios começaram a tremer, e ela gaguejou enquanto dizia:

– Jesus é o Cristo. – Com essas palavras, seu formato de sapo se desvaneceu, e ela voltou a ser uma bela jovem.

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Então o sacerdote lhe apareceu, envolto em uma luz.

– Filha do pântano – disse ele –, para quem está na Terra, as coisas parecem demorar muito. Na eternidade, porém, não existe o tempo. Um dia, você também entrará nesse reino eterno. Mas primeiro deverá atingir o objetivo de sua vida.

O sacerdote colocou Helga sobre o cavalo e montou à sua frente. Erguendo a cruz que estava sobre o túmulo, eles começaram a voar.

Por fim, eles se aproximaram do pântano. Cantaram um hino, e, imediatamente, o junco começou a florir, e logo o pântano ficou coberto de lótus. Sobre ele jazia uma mulher. Helga pensou que fosse seu reflexo na água, mas era sua mãe, a princesa egípcia, esposa do rei. A mulher foi carregada para a margem pelo cavalo. Então, cavalo e sacerdote desapareceram na neblina.

Ao lado do pântano, mãe e filha se abraçaram.

– Minha filha, flor do meu coração, meu lótus de águas profundas! – exclamou a princesa mãe.

Ela contou sua história à filha. O papai cegonha pegou os dois mantos emplumados que escondera e os jogou para as duas. Elas os vestiram e levantaram voo como cisnes brancos.

– A flor de lótus que eu devia ter levado para casa está voando ao meu lado! – disse a mãe. – Para casa! Para casa!

Mas Helga não podia sair da Dinamarca sem antes ver a mãe adotiva. Os dois cisnes voaram para a casa dos vikings, onde todos dormiam.

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Em seu sonho, a mulher viking pegou o sapo e o sentou no colo. O sapo estremeceu e se aninhou ali, enquanto a mãe adotiva, protetora, o segurava. O ar era varado pelos sons de flechas e pelo choque de espadas. Parecia que céu e terra explodiriam. Então a mulher viu o deus do amor, libertado do reino dos mortos. Ela reconheceu o rosto.