Os dois cisnes voaram para a casa dos vikings, onde todos dormiam.

Em seu sonho, a mulher viking pegou o sapo e o sentou no colo. O sapo estremeceu e se aninhou ali, enquanto a mãe adotiva, protetora, o segurava. O ar era varado pelos sons de flechas e pelo choque de espadas. Parecia que céu e terra explodiriam. Então a mulher viu o deus do amor, libertado do reino dos mortos. Ela reconheceu o rosto. Era o do sacerdote cristão aprisionado.
– Jesus Cristo! – gritou ela. E então beijou com alegria o sapo.
Naquele momento, a figura de sapo se desfez, e Helga sentou-se ao lado da mãe adotiva, beijou-a também, louvou-a pelo carinho que tinha recebido e lhe agradeceu pelos pensamentos bons que semeara e cultivara em sua alma. Assim, Helga elevou-se como um magnífico cisne branco e foi embora voando.
A mulher viking acordou com o som do bater de asas. Ela acreditou se tratar da migração anual das cegonhas, que se reuniam naquela casa, e saiu para se despedir das aves. Mas, à sua frente, havia dois cisnes, que olhavam para ela.
A mulher se lembrou do sonho e de que vira Helga voar como um cisne. Ela estendeu os braços na direção dos cisnes, enquanto sorria em meio às lágrimas.

De repente, no Egito, dois cisnes brancos entraram no palácio. Eles tinham chegado junto com as cegonhas. Os cisnes tiraram seus mantos, e surgiram duas lindas mulheres. Helga curvou-se sobre o corpo do avô. Ao fazer isso, o rei se levantou, como que acordando de um sono longo e pesado.
Algum tempo depois, certa noite, Helga observava as estrelas brilhantes, quando viu o sacerdote se aproximando.
– O esplendor e a glória do reino dos céus superam o brilho de qualquer coisa na Terra! – disse ele.
Helga implorou ao sacerdote que lhe permitisse espiar o paraíso por apenas um instante para ver o Senhor. Então ele a levou ao paraíso. Palavras nunca poderiam descrever o que ela viu.
– Precisamos voltar agora. Vão sentir sua falta – disse o sacerdote.
– Só mais um pouco, por favor... – suplicou Helga.
– Você tem de voltar – pediu o sacerdote.
– Só uma última espiada... – E então Helga se viu novamente no palácio.
As luzes foram apagadas. O salão estava vazio. Assustada, Helga correu pelos corredores e quartos. Soldados estrangeiros dormiam neles. Ela abriu a porta do seu próprio quarto e entrou em um jardim em que nunca tinha estado.
Ela estivera no céu por apenas alguns instantes. Mas, na Terra, uma geração inteira se passara.
Helga compreendeu o que acontecera e caiu de joelhos. O Sol nasceu, lançando seus raios no jardim onde ela estava ajoelhada. Em outros tempos, isso transformava o horrível sapo em linda donzela. Mas, naquele momento, aquela luz transformou Helga num raio de sol mais puro que o próprio Sol. Ela se elevou ao céu para encontrar Deus, e em seu lugar na Terra ficou uma flor de lótus murcha.

EDIÇÃO REVISADA CONFORME O ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA
TRADUÇÃO: Antonio Carlos Vilela
ILUSTRAÇÕES: François Crozat
PROJETO GRÁFICO DA CAPA E DIAGRAMAÇÃO: Estação Design
CONVERSÃO EM EPUB: {kolekto}
Publicado originalmente por:
© 2001 Scandinavia Publishing House
Direitos de publicação:
© 2004, 2012 Editora Melhoramentos Ltda.
1.ª edição digital, setembro de 2014
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