A máquina do tempo: edição comentada (Clássicos Zahar)

H.G. Wells

A MÁQUINA DO TEMPO

UMA INVENÇÃO

edição comentada

Tradução, apresentação e notas:

Adriano Scandolara

Zahar

SUMÁRIO

  1. Apresentação
    por Adriano Scandolara
  2. A MÁQUINA DO TEMPO
    1. 1. Introdução
    2. 2. A máquina
    3. 3. O Viajante do Tempo retorna
    4. 4. Viagem no tempo
    5. 5. Na Idade de Ouro
    6. 6. O crepúsculo da humanidade
    7. 7. Um choque súbito
    8. 8. Explicação
    9. 9. Os Morlocks
    10. 10. Quando a noite chegou
    11. 11. O Palácio de Porcelana Verde
    12. 12. Na escuridão
    13. 13. A cilada da Esnge Branca
    14. 14. A visão distante
    15. 15. O retorno do Viajante do Tempo
    16. 16. Depois da história
    17. Epílogo
  3. Anexos
    1. “Os Argonautas Crônicos”
    2. “A visão distante” como publicado originalmente na New Review (maio de 1895)
    3. Cronologia: vida e obra de H.G. Wells

Landmarks

  1. Capa
  2. Copyright
  3. Sumário
  4. Folha de rosto

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APRESENTAÇÃO

Ciência e literatura nos anos de formação

A ficção científica é um tipo de narrativa já muito bem instaurado em nossa cultura popular e, para qualquer um que tenha interesse na história do gênero, é fascinante observar como ele se desenvolve no século XIX e assume a forma que conhecemos hoje.1 Se com Mary Shelley temos um tipo de ficção científica marcada pela atmosfera mórbida do horror gótico que tanto agradava aos românticos, e em Jules Verne encontramos uma obra influenciada ao mesmo tempo pela literatura de viagem e pelos periódicos científicos da época, é H.G. Wells quem, pela primeira vez, mergulha de forma mais profunda na dimensão mais propriamente científica do gênero — o padrinho, portanto, de toda uma leva de romancistas cientistas, como Isaac Asimov, Arthur C. Clarke, Alice Sheldon, Mary Doria Russell e Carl Sagan.

Herbert George Wells nasce em 21 de setembro de 1866 na cidade de Bromley, condado de Kent, região sudeste da Inglaterra.2 Seu pai, Joseph Wells, era jardineiro e jogador profissional de críquete; sua mãe, Sarah Neal, ex-empregada doméstica. O casal possuía um pequeno estabelecimento comercial, comprado com dinheiro recebido de herança, que vendia itens de porcelana e acessórios esportivos. A loja, no entanto, dava pouquíssimo lucro. Apesar de oficialmente pertencer à classe média, a família acabaria passando por muitas dificuldades financeiras ao longo da vida. Joseph complementava a renda com o que ganhava jogando críquete, mas era um rendimento que vinha em intervalos irregulares, e isso apenas até 1877, quando ele se viu obrigado a abandonar a carreira esportiva, após fraturar o fêmur.

O quarto e último filho do casal, Herbert George, ou “Bertie”, como era chamado em casa, teria puxado ao pai, tanto fisicamente quanto no tocante à personalidade. Sua mãe era protestante e profundamente religiosa, uma alma sofrida e marcada pela vida de privações, perdas e dificuldades — perdas como a de sua filha Fanny, que havia morrido aos nove anos de idade apenas dois anos antes de H.G. nascer —, buscando na religião algo a que se prender no mundo das constantes mudanças sociais do final do XIX. Por mais que a amasse, porém, H.G. nunca teve pendor para a religião.