A Moreninha (Texto integral com comentários)

A Moreninha

Joaquim Manuel de Macedo

 

Copyright © 2013 da edição: DCL – Difusão Cultural do Livro

 

Equipe DCL – Difusão Cultural do Livro

DIRETOR EDITORIAL: Raul Maia

Editor: Marco Saliba

Assessoria de Edição: Millena Tafner

GERENTE DE ARTE: Vinicius Felipe

Ilustração da capa: João Lin

GERENTE DE PROJETOS: Marcelo Castro

SUPERVISÃO GRÁFICA: Marcelo Almeida

PRODUÇÃO DIGITAL: Estúdio Editores.com

 

Equipe Eureka Soluções Pedagógicas

Editor de arte: Gustavo Garcia

Editora: Fabiana Mendes Rangel

Comentários e Glossário: Pamella E. Brandão Inacio

Revisão de Textos: Dienis Mel

Texto conforme o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

  

Editora DCL – Difusão Cultural do Livro

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Sumário

Capa

Frontispício

Creditos

APRESENTAÇÃO

Duas palavras

I – Aposta imprudente

II – Fabrício em apuros

III – Manhã de sábado

IV – Falta de condescendência

V – Jantar conversado

VI – Augusto com seus amores

VII – Os dois breves, branco e verde

VIII – Augusto prosseguindo

IX – A Sra. D. Ana com suas histórias

X – A balada no rochedo

XI – Travessuras de D. Carolina

XII – Meia hora embaixo da cama

XIII – Os quatro em conferência

XIV – Pedilúvio sentimental

XV – Um dia em quatro palavras

XVI – O sarau

XVII – Foram buscar lã e saíram tosquiadas

XVIII – Achou quem o tosquiasse

XIX – Entremos nos corações

XX – Primeiro domingo: ele marca

XXI – Segundo domingo: brincando com bonecas

XXII – Mau tempo

XXIII – A esmeralda e o camafeu

Epílogo

APRESENTAÇÃO

Um romancista atemporal

 

Tudo começa quando quatro amigos e alunos do mesmo curso de Medicina estão reunidos conversando sobre as suas respectivas experiências e modos de ser quando o assunto é o amor. Augusto, o mais galanteador e namorador desapegado, diz ser um homem fiel a todas as mulheres, pois nunca se apaixona, mas também não as engana. Felipe, outro estudante, convida Augusto e os outros dois amigos, Fabrício e Leopoldo, a passarem o fim de semana na casa de sua avó D. Ana; é nesse momento que Augusto é posto a prova. Por ele garantir aos seus colegas ser incapaz de amar uma mulher por mais de três dias, eles o desafiam e fazem uma aposta: no fim de semana da viagem, Augusto irá conhecer e se envolver sentimentalmente com uma das moças que irão conhecer por lá, apenas uma, por, no mínimo; quinze dias. Se Augusto perder a aposta, terá de escrever um livro, um romance no qual contará a história do seu primeiro amor duradouro.

Assim, conhecemos o enredo da obra A Moreninha, escrita por Joaquim Manuel de Macedo, que nasceu em Itaboraí, Rio de Janeiro, em 24 de junho de 1820 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1882. Também se formou em Medicina, mas nunca chegou a exercer a profissão. A vida de Macedo coincidiu com os anos em que o Brasil vivia sob o regime imperial, inclusive D. Pedro II gostava muito de Macedinho (como era chamado pelos mais íntimos). Contemporâneo da Proclamação da Independência, acompanhou todo o empenho da emancipação política do Brasil, viu as grandes modificações na cidade sede da Corte (Rio de Janeiro), em um salto para a modernização, mas faleceu sete anos antes da Proclamação da República. Esses fatos sociais, políticos, culturais e econômicos formaram a base que o autor precisava para desenvolver e introduzir no país um novo estilo literário, o Romantismo.

Lançado em 1844, a obra de Macedo é considerada o primeiro romance do Brasil. Um ano antes da publicação de A Moreninha, Teixeira e Souza havia publicado O filho do pescador, considerado o marco da prosa romântica no país. Porém, a obra apresentava uma trama pouco articulada e considerada confusa, logo, não chegou a alcançar grande êxito.

 

Um pouco de história

 

Na primeira metade do século XIX, houve uma alvoroçada inseminação da cultura europeia no Brasil. Aqui, era introduzida a moda, a cultura, os hábitos, as revistas, os perfumes, e com isso, vieram também as ideias renovadoras do Romantismo. Assim, a cidade do Rio de Janeiro era considerada por muitos a Nova Paris, na qual tínhamos uma literatura voltada para as raízes nacionais, expressa em linguagem coloquial e simples, dando certa valorização ao folclore, às tradições e às manifestações individuais.

Com o aumento do número de leitores no país, notava-se o surgimento de uma vida cultural na corte brasileira. Isso se dava com um gradual progresso no crescimento e de desenvolvimento das cidades, principalmente do Rio de Janeiro. Como consequência dessa evolução, foi surgindo na capital do Império vários jornais, trazendo consigo uma novidade chamada folhetim. Com um padrão simples na técnica de publicação (e também podemos dizer como uma estratégia de marketing), os jornais acabavam dependendo dessas histórias de leitura rápida e sem compromisso, na qual o enredo, sempre que alcançava um momento culminante, conhecido como clímax, era interrompido propositalmente para que pudessem atingir seu público-alvo, ou seja, as mulheres ricas e ociosas da corte. Desse modo, o folhetim modificou em quase tudo as características do romance enquanto gênero literário. Assim, o hábito de comentar o último capítulo do folhetim, de espantar-se com alguma cena, de sofrer com seus heróis e heroínas foi inseminado na cultura popular brasileira, substituindo o romance pelo que hoje chamamos telenovela. Tanto A Moreninha como outros romances de Macedo – O Moço Loiro (1845), Os Dois Amores (1848), Rosa (1849), Vicentina (1853), O Forasteiro (1855), Os Romances da Semana (1861), entre outros – possuem características que os tornam um romance-folhetim, um gênero narrativo que marcou definitivamente o início do romance brasileiro.

A obra tem a estrutura típica de um romance romântico: o herói supera todos os problemas para, no final, conseguir ficar com seu grande amor. Para conseguir esse efeito, o autor utiliza um recurso literário pouco comum para a época: o uso da metalinguagem. O livro traz não apenas o surgimento do romance (em um contexto romântico amoroso) entre os personagens Augusto e Carolina, mas narra também a história de sua própria criação enquanto romance, como forma literária que se consagrou no Romantismo. Logo, espera-se uma história em prosa que gira em torno dos desdobramentos de um enredo e que envolve certo número de personagens. Há quem diga que na verdade Macedo criou Carolina baseado em sua historia de vida, assim ela foi inspirada em Maria Catarina Sodré, prima-irmã do poeta Álvares de Azevedo, com a qual o autor se casou. Mas, assim como em seu romance, ele teve de enfrentar inúmeros obstáculos para conseguir a mão da amada, após um namoro que durou dez anos.

O protagonista Augusto é um estudante de Medicina muito alegre, inteligente e extremamente namorador.