Malgré les secours que quelques cuistres célèbres ont apporté à la sottise naturelle de l’homme, je n’aurais jamais cru que notre patrie pût marcher avec une telle vélocité dans la voie du progrès. Ce monde a acquis une épaisseur de vulgarité qui donne au mépris de l’homme spirituel la violence d’une passion. Mais il est des carapaces heureuses que le poison lui-même n’entamerait pas.

J’avais primitivement l’intention de répondre à de nombreuses critiques, et, en même temps, d’expliquer quelques questions très simples, totalement obscurcies par la lumière moderne: qu’est-ce que la Poésie? quel est son but? de la distinction du Bien d’avec le Beau; de la Beauté dans le Mal; que le rythme et la rime répondent dans l’homme aux immortels besoins de monotonie, de symétrie et de surprise; de l’adaptation du style au sujet; de la vanité et du danger de l’inspiration, etc., etc.; mais j’ai eu l’imprudence de lire ce matin quelques feuilles publiques; soudain, une indolence, du poids de vingt atmosphères, s’est abattue sur moi, et je me suis arrêté devant l’épouvantable inutilité d’expliquer quoi que ce soit à qui que ce soit. Ceux qui savent me devinent, et pour ceux qui ne peuvent ou ne veulent pas comprendre, j’amoncellerais sans fruit les explications.

C. B.

[i]
prefácio das flores

Não é para minhas mulheres, minhas filhas ou minhas irmãs que este livro foi escrito; assim como também não para as mulheres, as filhas ou as irmãs de meu vizinho. Deixo essa função para aqueles que têm interesse em confundir as boas ações com a bela linguagem.

Sei que o apreciador apaixonado do estilo belo se expõe ao ódio das multidões. Todavia, nenhum respeito humano, nenhum falso pudor, nenhuma coalizão, nenhum sufrágio universal irão obrigar-me a falar o dialeto incomparável deste século, nem a confundir a tinta com a virtude.

Poetas ilustres partilharam há tempos as províncias mais floridas do domínio poético. Pareceu-me prazeroso, e tanto mais agradável quanto mais difícil era a tarefa, extrair do Mal a beleza. Este livro, essencialmente inútil e absolutamente inocente, não foi feito com outro objetivo que o de me divertir e praticar meu gosto apaixonado pelo obstáculo.

Alguns me disseram que estas poesias podiam fazer mal. Não fiquei satisfeito com isso. Outros, boas almas, que elas podiam fazer bem; e isso não me afligiu. O temor de uns e a esperança de outros espantaram-me igualmente e só serviram para me provar uma vez mais que este século desaprendeu todas as noções clássicas relativas à literatura.

Apesar do auxílio que alguns pretensiosos célebres deram à tolice natural dos homens, eu jamais teria acreditado que nossa pátria pudesse andar com tal velocidade no caminho do progresso. Este mundo adquiriu uma espessura de vulgaridade que dá ao desprezo do homem inteligente a violência de uma paixão. Há, porém, carapaças felizes que o próprio veneno não atacaria.

Inicialmente, eu tinha a intenção de responder a numerosas críticas e, ao mesmo tempo, de explicar algumas questões muito simples, totalmente obscurecidas pela luz moderna: que é a Poesia? qual é sua finalidade? da distinção entre o Bem e o Belo; da Beleza no Mal; que o ritmo e a rima correspondem no homem às imortais necessidades de monotonia, de simetria e de surpresa; da adaptação do estilo ao assunto; da vaidade e do perigo da inspiração etc. etc.; tive, porém, a imprudência de ler esta manhã algumas folhas públicas; de repente, uma indolência, com o peso de vinte atmosferas, abateu-se sobre mim, e me detive diante da assustadora inutilidade de explicar o que quer que seja a quem quer que seja. Os que sabem, intuem-me, e para aqueles que não podem ou não querem compreender, eu amontoaria infrutiferamente as explicações.

C. B.

[ii]
préface

La France traverse une phase de vulgarité. Paris, centre et rayonnement de bêtise universelle. Malgré Molière et Béranger, on n’aurait jamais cru que la France irait si grand train dans la voie du Progrès. — Questions d’art, terræ incognitæ. Le grand homme est bête.

Mon livre a pu faire du Bien. Je ne m’en afflige pas. Il a pu faire du Mal. Je ne m’en réjouis pas.

Le but de la Poésie. Ce livre n’est pas fait pour mes femmes, mes filles ou mes sœurs.

On m’a attribué tous les crimes que je racontais. Divertissement de la haine et du mépris. Les élégiaques sont des canailles. Et verbum Caro factum est. — Or le poète n’est d’aucun parti. Autrement, il serait un simple mortel.

Le Diable.