Contos de terror, de mistério e de morte (Coleção Clássicos de Ouro)

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Imagem de capa: Acervo do capista
CIP-Brasil. Catalogação na fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
P798c
Poe, Edgar Allan, 1809-1849
Contos de terror, de mistério e de morte [recurso eletrônico] / Edgar Allan Poe ; tradução Oscar Mendes. -- 7. ed. -- Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2017.
recurso digital (Clássicos de ouro)
Tradução de: Tales of mistery and terror
Formato: ebook
Modo de acesso: world wide web
ISBN: 9788520941720 (recurso eletrônico)
1. Conto americano. 2. Livros eletrônicos. I. Mendes, Oscar. II. Título. III. Série.
17-41674
CDD: 813
CDU: 821.111(73)-3
Sumário
Nota preliminar — Oscar Mendes
Berenice
Morela
O visionário
O Rei Peste (conto alegórico)
Metzengerstein
Ligeia
A queda do Solar de Usher
William Wilson
Eleonora
O retrato oval
A máscara da Morte Rubra
O coração denunciador
O gato preto
O poço e o pêndulo
Uma história das Ragged Mountains
O enterramento prematuro
O caixão quadrangular
O demônio da perversidade
Revelação mesmeriana
O caso do sr. Valdemar
O barril de amontillado
Hop-Frog
O corvo
Sobre o autor
Nota preliminar
Se se deve a Poe a criação do gênero policial, com seus contos de raciocínio e dedução, cabe-lhe também o mérito de haver renovado o conto e o romance de terror, de mistério e de morte, neles introduzindo o fator científico que lhes daria certo cunho de verossimilhança e de verdade. O gênero já existia e era fartamente difundido nas letras inglesas, alemãs e francesas. Já em 1764, com o seu Castelo de Otranto, Horace Walpole, romancista inglês, iniciava o gênero que se chamou “romance negro” ou “romance gótico”, talvez porque a ação se situava quase sempre em velhos castelos e mansões medievais. Clara Reeve secundou-o. Mais tarde Anne Radcliffe enchia seus livros de cenas e personagens aterrorizadores, Lewis imprimia-lhe a marca do satanismo e Maturin, na França, levava-o às raias da loucura e da fantasmagoria. Na Alemanha, se com Jean Paul Richter perde-se ele pelo vago e pelo poético e imaginoso, com Hoffmann atinge os limites do maravilhoso e do fantástico. Na própria América do Norte, cuja literatura apenas se iniciava, Charles Brocken Brown transplanta para as terras do Novo Mundo as fantasmagorias e horrores dos romances de Anne Radcliffe, completando-os com as obsessões e os terrores íntimos de seus personagens.
A influência do “romance negro” foi imensa na Inglaterra, na França e na Alemanha. Pode-se encontrá-la em escritores como Walter Scott, Byron, Shelley, cuja esposa, também escritora, criou o famoso personagem Frankenstein. O romantismo iria aproveitar-se de muito dos cenários e das emoções desencadeadas e até mesmo do fantástico e do maravilhoso de que os romancistas “negros” abusaram. Nodier, Victor Hugo, Jules Janin, Balzac não escaparam à influência do gênero. Mas deve-se, na verdade, a Edgar Poe tê-lo renovado, ter feito dele uma obra de arte e não apenas um meio de desencadear terrores em leitores impressionáveis, tirando-lhes o sono. Deu-lhe em primeiro lugar uma concentração de força explosiva que não existia nos demais autores que diluíam a força aterrorizante em romances enormes e por demais atravancados de coisas inúteis, numa acumulação de crimes e episódios pavorosos que, pelo próprio excesso, perdiam a verossimilhança e a possibilidade de impressionar mais fundamente o leitor.
Incapaz por natureza e pelas circunstâncias de sua vida de escrever longos romances, Poe aperfeiçoou-se na história curta, no conto, cujo valor reside especialmente na sua força concentrada. Mas o que distingue os seus contos do clássico conto ou romance de terror é certa tônica de autenticidade e de realidade que predomina nas suas histórias. Enquanto os demais autores descreviam um medo exterior, um medo que provinha do mundo sobrenatural, da fantasmagoria, um medo de cenografia teatral com alçapões, fumaça de enxofre e satanases chifrudos, rasgando risadas arrepiantes, Poe descrevia um medo real, um medo que estava dentro do personagem, um medo que estava dentro dele próprio, autor, porque eram os seus terrores, as suas fobias, os seus recalques, reais, autênticos, verdadeiramente existentes, que ele transfundia em seus personagens, que eram sempre projeções dele, Poe, e não criaturas tiradas do mundo objetivo.
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