Dom Segundo Sombra
Ricardo Güiraldes
DOM SEGUNDO SOMBRA
Tradução de Augusto Meyer

Ricardo Güiraldes
Dom Segundo Sombra
Tradução de Augusto Meyer
www.lpm.com.br
L&PM POCKET
Coleção L&PM Pocket, vol. 55
Título original: Don Segundo Sombra
Primeira edição na Coleção L&PM POCKET: outubro de 1997
Tradução adquirida conforme acordo firmado com a Livraria Francisco Alves Editora S/A.
Tradução: Augusto Meyer
Capa: Ivan Pinheiro Machado sobre gravura Entre dos Luces de Juan Manuel Blanes.
Revisão da tradução: Aldyr Garcia Schlee
Revisão: Renato Deitos, Flávio Dotti e Delza Menin
ISBN: 85.254.0709-7
G965d Güiraldes, Ricardo, 1886-1927
Dom Segundo Sombra / Ricardo Güiraldes; tradução de Augusto Meyer — Porto Alegre: L&PM, 1997. 240 p. ; 18 cm (Coleção L&PM Pocket) 1. Ficção argentina-Romances. I. Título. II. Série.
CDD A863
CDU 860.0(83) -3
Catalogação elaborada por Izabel A. Merlo, CRB 10/329.
© L&PM Editores, 1997
Todos os direitos desta edição reservados à L&PM Editores
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Impresso no Brasil
Verão de 2005
Contracapa
Um clássico latino-americano
Ricardo Güiraldes nasceu em Buenos Aires, em 1886, e morreu em Paris, em 1927. Romancista, poeta e contista, dividiu sua vida entre a fazenda do pai no interior da Argentina e a vida mundana e intelectual de Paris. Dom Segundo Sombra foi lançado em 1926, um ano antes de sua morte, depois de o autor publicar Cuentos de Muerte y de Sangre e Rancho, Momentos de una Juventud Contemporánea, romance autobiográfico. Fez parte do grupo de vanguarda literária Martín Fierro, e seu romance Dom Segundo Sombra é considerado um dos maiores clássicos da literatura argentina e latino-americana. É uma verdadeira "suma" da vida dos homens do pampa. Estes homens silenciosos, temerários e com códigos especiais de honra e conduta, afeitos à solidão das vastidões planas, ao vazio infinito, ao horizonte sem curvas como o mar. Güiraldes, através dos conselhos e ensinamentos do lendário gaucho Dom Segundo ao jovem Fábio, eterniza a mística campeira num romance da estatura e da permanência de outro grande clássico latino-americano: o poema Martín Fierro, de José Hernández.
O Autor

RICARDO GÜIRALDES (Buenos Aires, 13 de fevereiro de 1886 — Paris, 8 de outubro de 1927). Romancista e poeta argentino. Nasceu em família rica, dona de grandes propriedades. Don Manuel Güiraldes, seu pai, que seria prefeito de Buenos Aires, tinha grande cultura e era muito interessado em arte. Esta predileção foi herdada por Ricardo, que desenhava cenas campestres e pintava a óleo. A mãe, Doña Dolores Goñi, pertencia à família Ruiz de Arellano, fundadora de San Antonio de Areco.
Em 1924 fundou a revista Proa com Brandán Caraffa, Jorge Luis Borges e Pablo Rojas Paz; a revista só teve êxito fora da Argentina e fechou. Güiraldes terminou então Don Segundo Sombra, em março de 1926.
Em 1927 fez sua última viagem à França, onde morreu, vítima de linfoma de Hodgkin, na casa do amigo Alfredo González Garaño. Trasladado a Buenos Aires, foi enterrado em San Antonio de Areco.
Ao senhor, Dom Segundo.
À memória dos finados:
don Rufino Galván, don Nicasio Cano e don José Hernández.
A meus amigos domadores e reseros:
don Víctor Taboada, Ramón Cisneros, don Pedro Brandán,
Ciriaco Díaz, Dolores Juárez, Pedro Falcón, Gregorio López,
Esteban Pereyra, Pablo Ojeda e Mariano Ortega.
À gente da minha terra.
Aos que não conheço e estão na alma deste livro.
Ao gaúcho que levo em mim, sacramente,
como a custódia leva a hóstia.
R. G.
Ricardo Güiraldes
Jorge Luis Borges
Nadie podrá olvidar su cortesia;
Era la no buscada, la primera
Forma de su bondad, la verdadera
Cifra de un alma clara como el dia.
No he de olvidar tampoco la bizarra
Serenidad, el fino rostro fuerte,
Las luces de la gloria y de la muerte,
La mano interrogando la guitarra.
Como en el puro sueño de un espejo
(Tu eres la realidad, yo su reflejo)
Te veo conversando con nosotros
En Quintana. Ahí estás, mágico y muerto.
Tuyo, Ricardo, ahora es el abierto
Campo de ayer, el alma de los potros.*
In: Elogio de la sombra, 1969.
* Ninguém poderá esquecer sua cortesia; / era a não buscada, a primeira / forma de sua bondade, a verdadeira / suma de uma alma clara como o dia. / Não esquecerei tampouco a bizarra serenidade, o fino rosto forte, / as luzes da glória e da morte, a mão interrogando a guitarra. / Como no puro sonho de um espelho / (tu és a realidade, eu o seu reflexo) / te vejo conversando conosco / en Quintana. Aí estás, mágico e morto, / Teu, Ricardo, é agora o aberto / campo de ontem, a alma dos potros.
Dom Segundo Sombra1
LEOPOLDO LUGONES2
O romance que empresta seu título a estas linhas pertence à família do Facundo e do Martín Fierro. Não quero dizer que é como eles, mas que está entre eles, por conta da índole generosa e da garbosa valentia. Descreve a formação do trabalhador rural de nossa campanha gaúcba, vale dizer, o que é e o que sempre foi o gaúcho: el hombre de pampa e de huella3- como diz o autor, com vigorosa inflexão —, acomodado, por temperamento, ao seu mister de combatente e andarilho.
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