A distância, parecia que Jackson estava falando e que ela escutava sem dizer palavra. "Oh Não há dúvida! Ele a está cortejando", pensou Sidney Feeder. De repente, o pai virou-se para deixar o parque, e a moça se juntou a ele e desapareceu, enquanto o Dr. Lemon seguia novamente pela esquerda, como para um último galope. Não se distanciara muito, quando percebeu que seu confrère o esperava junto à barreira; repetiu o gesto que Lady Barbarina dissera ser um beijo enviado com a mão, embora, para os olhos do amigo, não significasse isso. Quando atingiu o lugar onde Feeder se postara, freou o animal.

— Se soubesse que você viria, eu lhe providenciaria um cavalo — disse. Não havia, em sua pessoa, aquela irradiação de riqueza e distinção que fazia Lorde Canterville brilhar como uma imagem; mas, sentado na sela, com as pequenas pernas estendidas, evidenciava vivacidade, inteligência e felicidade, demonstrando com seu aspecto a atitude de um dos favoritos da fortuna. Tinha o rosto fino e delicado, nariz muito bem proporcionado, olhar rápido, de expressão algo penetrante, e bigode pequeno e bem tratado. Nada tinha de extraordinário, mas denotava ser muito positivo. Percebia-se facilmente que era um jovem decidido.

— Quantos cavalos tem? Quarenta? — perguntou-lhe o compatriota, em resposta à saudação.

— Quinhentos — disse Jackson Lemon.

— Foi você quem forneceu os cavalos a seus amigos, aqueles com os quais cavalgavam?

— Eu? Eles possuem os melhores cavalos da Inglaterra.

— Venderam esse a você? — continuou Sidney Feeder, no mesmo tom humorístico.

— Que acha dele? — perguntou o amigo sem se dignar responder à pergunta.

— É um pangaré velho e feio. Admira-me que possa aguentar!

— Onde comprou seu chapéu? — indagou, por sua vez, o Dr. Lemon.

— Em Nova York. Que há com ele?

— É bonito. Gostaria de ter comprado um igual.

— O que vale é a cabeça, não o chapéu. Não me refiro à sua, mas à minha. Há algo muito profundo em sua pergunta. Tenho de meditar nela.

— Não, não medite. Jamais chegará ao seu âmago — disse Jackson Lemon. — Está-se divertindo muito?

— Tenho passado uma temporada agradabilíssima. Você esteve hoje no centro?

— Lá com os médicos? Não. Tive muita coisa a fazer.

— Houve um debate interessantíssimo. Fiz algumas observações.

— Você deveria ter-me contado. Sobre o que falaram?

— Sobre casamento entre raças diferentes, do ponto de vista de. — E Sidney Feeder interrompeu-se para afagar a cabeça do cavalo do amigo.

— Do ponto de vista da progênie, creio.

— Não, do ponto de vista dos velhos amigos.

— Para o diabo os velhos amigos! — exclamou o Dr. Lemon, com jocosa crueza.

— É verdade que você vai casar-se com uma jovem marquesa?

O rosto do jovem, na sela, tornou-se ligeiramente duro, e seus olhos firmes fixaram-se no Dr. Feeder.

— Quem disse isso?

— O Sr. e a Sra. Freer, que encontrei há pouco.

— Que o Sr. e a Sra. Freer vão às favas! E quem disse isso a eles ?

— Muita gente.