As Memórias póstumas (1881) e o Dom Casmurro (1900), sem a menor dúvida, mas também Quincas Borba (1891), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908), e muitos dos seus contos, incluídos em Papéis avulsos (1882), Histórias sem data (1884), Várias histórias (1896) e Páginas recolhidas (1899), dão-lhe o direito de ocupar a posição-cume da literatura brasileira, pela originalidade da concepção, pela agudeza dos conceitos, pela penetrante análise dos sentimentos e pela perfeição do estilo sóbrio e conciso numa literatura derramada. Mas só a capacidade ideadora, que lhe permitiu subtrair as personagens dos seus melhores romances e contos às contingências de tempo e de lugar, tornando-as representativas das paixões humanas, consideradas em absoluto, poderia fazer de Machado de Assis o escritor universal que é.

 

José Osório de Oliveira

 

 

Breve cronologia da vida e

da obra de Machado de Assis5

 

1839

Nasce, a 21 de junho, Joaquim Maria Machado de Assis, na quinta do Livramento, morro do Livramento, Rio de Janeiro. Batismo na Capela da Senhora do Livramento, Paróquia de Santa Rita, a 13.11.1839. Foram seus pais: Francisco José de Assis, pardo, e Maria Leopoldina Machado, portuguesa da ilha de São Miguel, casados a 19.8.1838, agregados da quinta do Livramento, pertencente a d. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do brigadeiro e senador do Império Bento Barroso Pereira. Os avós paternos foram os pardos forros Francisco de Assis e Inácia Maria Rosa. Viveu a infância no morro do Livramento, pouco se sabendo dela. Cedo perdeu a mãe e uma irmã. Foi sacristão da igreja da Lampadosa e aprendeu as primeiras letras numa escola em São Cristóvão. A madrasta Maria Inês, lavadeira, mulher de excelente coração, foi o grande arrimo de sua infância, em especial após o falecimento do pai.

   

1855

Publica, na Marmota Fluminense, a poesia “Ela”, seu primeiro trabalho. A colaboração nesse periódico estende-se até 1861.

   

1856

Entra para a Imprensa Nacional, como aprendiz de tipógrafo, ficando até 1858. Conheceu, então, Manuel Antônio de Almeida, que se tornou seu protetor.

   

1858

Entra para a tipografia e livraria Paula Brito, como revisor e caixeiro.

   

1858-59

Colaboração em O Paraíba, de Petrópolis.

   

1858-64

Colaboração no Correio Mercantil.

   

1859-60

Colaboração na revista O Espelho, a primeira com caráter obrigatório.

   

1860-67

Colaboração no Diário do Rio de Janeiro, a convite de Quintino Bocaiúva. Usou os pseudônimos de Gil, Job, Platão. Na mesma época, até 1875, colaborou na Semana Ilustrada, com o pseudônimo dr. Semana, além de usar o próprio nome.

   

1863

Inicia a colaboração no Jornal das Famílias, no qual publicou muitos contos, até 1878, tendo usado vários pseudônimos: Job, Vítor de Paula, Lara, Max etc.

   

1864

Crisálidas.

   

1865

Fundação da Arcádia Fluminense, sendo Machado de Assis sócio fundador. A sociedade realizou diversos saraus, nos quais tomou parte com a leitura de poe-sias.

   

1866

Chegada ao Rio de Janeiro de Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do poeta Faustino Xavier de Novais.

   

1867

Nomeação de ajudante do diretor do Diário Oficial.

   

1869

Contrato com a Editora Garnier para a edição de Contos fluminenses e Falenas. Publicação em dezembro do mesmo ano. A Casa Garnier foi a editora de toda a sua obra.

Casamento com Carolina Augusta Xavier de Novais. O casal passou a morar na rua dos Andradas.

   

1872

Ressurreição.

   

1873

Histórias da meia-noite.

Nomeação para primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas.

   

1874

Residência na rua da Lapa.

   

1875

Residência na rua das Laranjeiras. Americanas.

   

1878-79

Temporada em Friburgo, por motivo de doença.

   

1881

Memórias póstumas de Brás Cubas. Saíra, em 1880, na Revista Brasileira. Oficial de gabinete de Pedro Luís, ministro da Agricultura.

Inicia a colaboração efetiva na Gazeta de Notícias, a qual mantém até 1897.

   

1882

Papéis avulsos. Férias em Friburgo ou Petrópolis.

   

1883

Começa a aprender alemão.

   

1884

Residência à rua Cosme Velho, 18.

   

1888

Oficial da Ordem da Rosa, por decreto imperial.

   

1889

Diretor da Diretoria do Comércio.

   

1891

Quincas Borba.

Discurso no lançamento da pedra fundamental da estátua de José de Alencar.

   

1892

Diretor-geral da Viação.

   

1896

Várias histórias.

   

1897

Presidência da Academia Brasileira de Letras, fundada no ano anterior.

   

1898

Disponibilidade na direção da Viação.

Publicação dos trabalhos de Labieno (Lafaiete Rodrigues Pereira), no Jornal do Commercio, defendendo M.A. das críticas de Sílvio Romero. Os artigos foram reunidos no livro Vindiciae.

   

1899

Dom Casmurro, Páginas recolhidas. Contrato com a Editora Garnier para a edição de dez de suas obras.

   

1901

Poesias completas. Artigos de Múcio Teixeira, no Jornal do Brasil, com severa crítica das Poesias completas.

   

1902

Reverte à atividade como diretor da Secretaria de Indústria, do Ministério da Viação. Diretor-geral de Contabilidade.

   

1904

Esaú e Jacó.

Friburgo.

Membro correspondente da Academia das Ciências, de Lisboa.

Falece d. Carolina (20 de outubro).

   

1905

Sessão solene da Academia Brasileira de Letras para entrega de um ramo de carvalho de Tasso, enviado por Joaquim Nabuco.

   

1906

Relíquias de Casa Velha.

   

1907

Discurso a Guglielmo Ferrero.

   

1908

Memorial de Aires.

Licença para tratamento de saúde.

Falecimento (29 de setembro).

Discurso de Rui Barbosa, em nome da Academia Brasileira de Letras.

Os contos

 

 

 

Três tesouros perdidos 6

 

Uma tarde, eram quatro horas, o sr. X... voltava à sua casa para jantar.