Marília de Dirceu

Marília de Dirceu

Tomás Antônio Gonzaga

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Copyright © 2013 da edição: Editora DCL – Difusão Cultural do Livro

 

DIRETOR EDITORIAL: Raul Maia

EDITOR: Marco Saliba

ASSESSORIA DE EDIÇÃO: Fabiana Mendes Rangel

ORGANIZAÇÃO E COMENTÁRIOS: Laura Bacellar

REVISORES DA COLEÇÃO: Eder Fábio Odorize Veiga / Elmo Batista Odorize Veiga

GERENTE DE ARTE E CAPA: Clayton Barros Torres

COORDENADORA DE ARTE: Vera Ribeiro Ricardo

ILUSTRAÇÃO DA CAPA: João Lin

DIAGRAMAÇÃO: José Marcos Rigamont / Lucian Ferreira

PRODUÇÃO GRÁFICA: Marcelo Almeida

PRODUÇÃO DIGITAL: Estúdio Editores.com

 

Texto em conformidade com as novas regras ortográficas do Acordo da Língua Portuguesa

 

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SUMÁRIO

Capa

Frontispício

Créditos

Apresentação

Parte I

Parte II

Parte III

APRESENTAÇÃO

Tomás Antônio Gonzaga nasceu na cidade do Porto, em Portugal. Aos 7 anos, chega ao Brasil com o pai e órfão da mãe, a portuense Tomásia Clarque Gonzaga. O pai, João Bernardo Gonzaga, brasileiro, advogado, tinha sido nomeado ouvidor-geral de Pernambuco e para lá parte com o filho. Logo se interessa por uma dona Madalena e a educação do menino fica a cargo de um parente de confiança. Já na Bahia, estuda no Colégio dos Jesuítas, onde provavelmente aprende as humanidades, o latim e o grego. O futuro poeta se formava com certa tranquilidade até que, em 1759, a mando do marquês de Lavraria, então vice-rei, os jesuítas são embarcados de volta a Portugal e o Colégio é fechado.

Em 1761, o jovem Gonzaga decide ir para Portugal e, aos 18 anos, começa a estudar direito na Universidade de Coimbra. Advogado e interessado em política, em 1768, escreve uma tese, Tratado de direito natural, em que defende o despotismo esclarecido, dedicando-a ao marquês de Pombal, líder político oposicionista, que defendia o poder real acima do poder eclesiástico.

Em 1777, chega o tempo de “Viradeira”: com a morte de dom José, dona Maria, a rainha louca, sobe ao trono português e Pombal é deposto. Gonzaga milita ao lado da situação. Ambicioso e já professor em Coimbra, dedica-se à conquista de um cargo de magistrado. Culto, experiente e perseverante, aos 38 anos, em 1782, é nomeado ouvidor de Vila Rica, a capital da capitania das Minas Gerais, por onde passavam todo o ouro e as pedras preciosas que fazem a riqueza da colônia e, especialmente, a da Coroa portuguesa.

Ao se instalar, Gonzaga procura um velho colega de academia, Alvarenga Peixoto, que logo o apresenta a Cláudio Manuel da Costa. Este, conhecido como Glauceste Satúrnio, é o mentor do círculo de intelectuais mineiros e, em torno dele, além de Gonzaga e Peixoto, se reúnem Silva Alvarenga e José Álvares de Maciel. Gonzaga se relaciona com as pessoas influentes da colônia e é festejado como poeta talentoso. Entre os ilustres frequentados pelo poeta-ouvidor está Bernardo da Silva Ferrão, na casa de quem Gonzaga conhece a bela e jovem sobrinha, Maria Doroteia, por quem cai de amores e é correspondido. A amada e sua beleza mereceram um longo poema lírico em que Maria se torna Marília, Marília de Dirceu, Dirceu, o pseudônimo árcade do poeta. Embora a família da moça não visse com bons olhos a diferença de idade entre eles (ele 22 anos mais velho) e, menos ainda, a diferença de fortuna (ele muito mais pobre), os dois ficaram noivos. Como nunca puderam se casar, Marília entra para a história como “a noiva da inconfidência”.

Os amigos literatos se encontravam para discutir história, poesia e, provavelmente, para tramar a revolução contra a Coroa, daí serem chamados de inconfidentes. Nas últimas décadas do século XVIII, a sociedade mineira entrava em declínio devido à queda contínua da produção de ouro e às medidas da Coroa para garantir a arrecadação do quinto. Nessa época, Gonzaga deixa de ser situacionista e se torna inimigo ferrenho do corrupto Luís Cunha Menezes, então governador da capitania de Vila Rica.

O conflito entre o governador e o ouvidor ameaça a conquista deste de um cargo superior na Bahia, onde havia passado a adolescência. Em meio aos conflitos, no entanto, Gonzaga acaba sendo nomeado desembargador da Relação da Bahia e comemora a substituição do famigerado Cunha Menezes pelo Visconde de Barbacena (Luís Antônio Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro), de quem o poeta-ouvidor tinha se tornado amigo durante sua estada em Portugal.

No entanto, mais uma reviravolta: a situação se agrava ainda mais com a nomeação do Visconde, agora incumbido pelo ministro português de garantir a remessa de cem arrobas de ouro anuais para a Coroa. Para atingir a cota, o governador poderia se apropriar de todo o ouro existente e, caso isso não bastasse, poderia decretar a derrama, um imposto a ser pago por todos os habitantes da capitania.

Instigados pela expectativa do lançamento da derrama, os futuros inconfidentes começam a preparar o movimento de insurreição no final de 1788. No entanto, não conseguem pôr seu plano em prática. No início de 1789, Barbacena decreta a suspensão da derrama e os conspiradores da Coroa são denunciados por Silvério Reis, um dos membros do movimento inconfidente mas que opta por se livrar de suas dívidas tributárias com a Coroa denunciando os colegas. Tiradentes e outros réus são condenados à forca mas, algumas horas depois, uma carta de clemência da rainha dona Maria torna todas as penas em expulsão do Brasil, exceto a de Tiradentes, que é enforcado e esquartejado de modo espetaculoso, num gesto premeditado pela Coroa portuguesa para intimidar a Colônia.

Gonzaga é mandado para a fortaleza da ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, deixando para trás o noivado e o alto cargo na Bahia, mas não a poesia. No cárcere escreve a segunda parte de Marília de Dirceu antes de ser deportado para a África. Em Moçambique, casa-se com uma jovem rica, Juliana de Sousa Marcarenhas, abandona a poesia e se dedica ao comércio e à administração de suas propriedades. Morre aos 66 em anos em 1810, deixando fortuna para sua filha herdeira.

Nesse contexto conturbado é que se desenvolveu a atividade literária de um grupo de intelectuais que compõe o chamado de Arcadismo brasileiro. Sua designação vem de Arcádia, antiga região do Peloponeso, na Grécia, uma vez que as a sociedades literárias árcades dos séculos XVII e XVIII cultivavam o classicismo e seus membros adotavam nomes de pastores como pseudônimos poéticos. As primeiras manifestações do Arcadismo no Brasil aparecem com a publicação de Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, e com a fundação em Vila Rica da Arcádia Ultramarina, em 1768.

A poesia dessa época, em ressonância com a poesia portuguesa, é essencialmente lírica. O cenário natural e a paisagem bucólica celebram o pastoralismo em versos simples. Tomás Antônio de Gonzaga é considerado o melhor poeta árcade brasileiro.