— Precisamos nos apressar, senhorita Mahiette — dizia a mais jovem das três para aquela com ar provinciano. — Tenho muito medo de chegarmos atrasadas. Disseram no Palácio Châtelet que ele seria levado imediatamente ao pelourinho.

— Ora bolas, o que você está dizendo, senhorita Oudarde? — continuou a outra parisiense. — Ele ficará duas horas no pelourinho. Temos tempo.

— Veja aquele agrupamento no final da ponte! Essas pessoas estão observando algo.

— disse Mahiette.

— Na verdade — completou Gervaise —, escuto um tamborim. Acho que é a pequena Esmeralda que faz seu espetáculo com sua cabra. Vamos rápido, Mahiette, aperte o passo e arraste seu menino. Vocês vieram até aqui para conhecer as curiosidades de Paris. Ontem viram os flamengos, hoje devem ver a egípcia.

— Egípcia! — disse Mahiette, mudando abruptamente de direção e apertando com força o braço de seu filho. — Deus me guarde! Ela roubaria meu filho. Venha, Eustáquio. Assustada, ela se pôs a correr ao longo do cais em direção à Praça da Greve, até deixar a ponte para trás. Contudo, a criança que arrastava caiu de joelhos e ela parou exausta. Logo, Oudarde e Gervaise juntaram-se a ela.

— Que história é essa de a egípcia roubar sua criança? Está aí uma fantasia bastante curiosa! — disse Gervaise.

Mahiette balançou a cabeça com um ar pensativo.

— O curioso — observou Oudarde — é que a enclausurada tem a mesma idéia a respeito da egípcia.

— Quem é essa enclausurada? — indagou Mahiette.

— É a irmã Gúdula — disse Oudarde. — A velha do buraco dos ratos.

— Como? — perguntou Mahiette. — Esta pobre mulher para quem estamos levamos o bolo?

Oudarde fez um sinal de cabeça afirmativo.

— Precisamente. Você vai vê-la daqui a pouco, através de sua pequena janela sobre a Praça da Greve. Ela pensa o mesmo que você destes vagabundos do Egito que tocam tamborim e lêem a sorte.