- Não queremos trilhar os caminhos dos nossos pais -, é o lema desta nova juventude.

 

E vem-nos à mente esta frase que Anne escreveu pouco antes da sua deportação para as fábricas da morte: "Creio no

 

que há de bom no homem" frase que define toda a força e generosidade dessa pobre criança, radiante da sua mocidade, que soube exprimir todo um mundo de problemas da juventude dos nossos dias: "Eis a dificuldade do nosso tempo: mal começam a germinar em nós ideais, sonhos, belas esperanças, logo a realidade cruel se apodera de tudo isto para o destruir totalmente".

 

Mas não conseguiram destruir a força de Anne Frank. A sua obra, já traduzida em dezanove línguas e estudada nas classes superiores dos liceus alemães, ergueu-se como implacável libelo contra os seus assassinos. Anne Frank vive e continuará a viver ainda por muito tempo. Em 4 de Abril de 1944 escreveu:

 

- Quero continuar a viver depois da minha morte -. Cumpriu-se o seu desejo.

 

Para nossa orientação e para melhor podermos informar o leitor, pusemo-nos em contacto com o sr. Otto Frank, pai de Anne, o único sobrevivente das oito pessoas que viveram escondidas no - anexo -. Eis os esclarecimentos que nos deu: Os oito - mergulhados - foram primeiro encerrados no campo de concentração de Westerbrok, na Holanda, e depois transferidos para o campo de Auschwitz, na Alta Silésia, nos princípios de Novembro de 1944. Anne e sua irmã foram levadas para o campo de Bergen-Belsen, no norte da Alemanha, onde ambas morreram.

 

.Nunca se pôde averiguar quem denunciou o esconderijo.

 

Os adultos falavam quase sempre em alemão, porém os adolescentes, que tinham frequentado a escola de Amesterdão,

 

preferiam falar e escrever em holandês.

 

Salvaram-se e ainda existem alguns dos contos de fadas e outras histórias que Anne escreveu. Dois deles estão publicados em língua holandesa e alemã com os títulos - Wet je nog - e - Weisst du noch -, respectivamente.

 

ILSE LOSa

 

Na sexta-feira acordei às cinco horas. Não era de admirar, pois fazia anos; mas não queriam que eu me levantasse tão cedo e tive de dominar a minha curiosidade até às sete menos um quarto. Depois não pude mais.

 

Corri para a sala de jantar, onde o Mohrchen, o nosso gatinho, me cumprimentou com grandes festas. Depois das sete fui ter com meus pais e com eles entrei na sala de estar, para desembrulhar e ver as minhas prendas.

 

Foi a ti, meu diário, que vi em primeiro lugar, e eras, sem dúvida, a prenda mais bonita. Tive um ramo de rosas um cacto, algumas begónias. Eram as primeiras prendas de flores, mas, depois, recebi muitas mais. O pai e a mãe deram-me muitas coisas e os amigos também me estragaram com mimos. Assim recebi, entre outras prendas,

 

a - câmara escura -, um jogo, muitas guloseimas, um jogo de paciência, um broche, - Os Mitos e Lendas Holandeses de Joseph Gohen, e ainda um livro encantador - A viagem

 

de férias de Daisys à serra -, e dinheiro com que depois comprei os - Mitos gregos e romanos -. Estupendo!

 

Depois veio Lies buscar-me e fomos para a escola.

 

Primeiro ofereci rebuçados aos professores (2) e aos colegas e depois comeÇámos a trabalhar.

 

Por hoje vou terminar.

 

Estou tão contente De te ter a ti.

 

Segunda-feira, 15 de Junho de 1942

 

Sábado à tarde foi a festa dos meus anos.