O fim dos amores do Fantasma
Epílogo
Cronologia: Vida e obra de Gaston Leroux
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Apresentação
REGISTROS DO SUBTERRÂNEO
SE TODA BOA HISTÓRIA conta, na verdade, ao menos duas histórias, a máxima também vale para os cantos fascinantes da Terra. As cidades mais interessantes do mundo são aquelas que carregam consigo não apenas uma, mas diversas boas histórias pelas suas ruas, monumentos e cantos obscuros. É o que acontece com Paris.
Começando pela deslumbrante Paris dos cartões-postais. A torre Eiffel é um ponto de partida óbvio para depois seguirmos pela orla do Sena, passarmos pela linda (ou cafona, a depender do seu gosto) ponte Alexandre III e chegarmos ao Museu d’Orsay, onde estão obras de artistas como Van Gogh, Cézanne, Degas, Delacroix, Gauguin, Matisse e Manet – mas, acredite, o prédio por si só, antigamente uma estação ferroviária, já vale a visita.
A Shakespeare and Company é parada obrigatória para quem ama livros. A Île de la Cité, para conhecer a famosa catedral de Notre-Dame, que serviu de cenário para a história do corcunda. Já do outro lado do rio, o Louvre e o belo jardim das Tulherias. Um metrô – e uma boa disposição para subir escadas e vielas inclinadas – leva até o bairro de Montmartre, onde está a basílica de Sacré-Coeur, outro ponto que costuma arrancar suspiros de turistas. Morro abaixo, uma passada rápida no Moulin Rouge, o cabaré mais famoso do mundo, e a esticada final até a Ópera Nacional de Paris, sediada no imponente palácio Garnier.
Antes de ir para o atual endereço, a Ópera de Paris ficava na rua le Peletier, a cerca de dez quadras no sentido nordeste. Em 14 de janeiro de 1858, um crime forçou a mudança. Napoleão III chegava à Ópera em sua carruagem quando foi atacado por anarquistas italianos. O imperador escapou com vida, mas as bombas detonadas mataram oito e feriram quase quinhentas pessoas. No dia seguinte, Napoleão decidiu que a Ópera deveria ser abrigada num lugar mas seguro.
Esse lugar só ficaria pronto quase dezessete anos depois do atentado. O palácio Garnier – que leva o nome do arquiteto que o projetou, impressionando a todos ao propor uma construção para mais de dois mil espectadores – foi inaugurado no dia 5 de janeiro de 1875. Não bastasse ser uma das casas de espetáculo mais importantes do mundo, o palácio também foi transformado no cenário daquela que é provavelmente a mais emblemática história sobre a própria arte teatral e musical: O Fantasma da Ópera, do francês Gaston Leroux.
GASTON LOUIS ALFRED LEROUX nasceu no dia 6 de maio de 1868, em Paris. Filho de Dominique Alfred Leroux, empreiteiro que atuava no ramo de obras públicas, e Marie Bidault, filha de um oficial de justiça, foi o primeiro dos três rebentos do casal. Passou boa parte da infância em Sena Marítimo, departamento francês da região da Alta Normandia, mas foi em Caen, outra cidade da região, que se formou bacharel em Artes, em 1886, ano em que retornou a Paris, matriculou-se na faculdade de Direito e passou a escrever para jornais da capital.
Apesar de se tornar advogado em janeiro de 1890, Leroux dedicou poucos anos à profissão. Preferiu aliar o conhecimento do mundo jurídico com a sua verve jornalística, transformando-se em um dos principais colaboradores de jornais franceses para a cobertura de grandes crimes. Dessa forma, assinou reportagens sobre atentados diversos, como um ataque com bomba à Câmara dos Deputados e o assassinato do então presidente Sadi Carnot, em Lyon, em 1894. Escrevendo para o Le Matin, um dos maiores veículos franceses da época, seu prestígio cresceu a ponto de ser um dos jornalistas que acompanharam Felix Faure, o novo presidente, em viagem feita à Rússia em agosto de 1897, pouco depois de Leroux completar 29 anos.
Como repórter, impressionou leitores com a reconstrução de cenas de guerra, fincou sua posição contra a pena de morte após presenciar a decapitação de diversos criminosos, cujos julgamentos acompanhou, e foi nomeado cavaleiro da Legião de Honra por conta dos serviços prestados a jornais como o Lutèce, o Paris e o L’Echo de Paris, além do Le Matin. Ainda escreveu relatos de viagens a países como Itália, Rússia (viveu em São Petersburgo enquanto cobria o processo que levou à queda dos czares), Marrocos e Suíça.
Apesar do sucesso como jornalista, é graças ao trabalho como artista que o nome de Gaston Leroux se mantém vivo. Em 1903, começou a publicar no Le Matin o Le chercheur de trésors (La Double Vie de Téophraste Longuet), primeiro dos quinze romances seriados que escreveu para o periódico. Em 1907, terminou sua primeira peça de teatro, La maison des juges, e iniciou a publicação de O mistério do quarto amarelo, outro romance seriado, o primeiro a fazer grande sucesso, que viraria livro já no ano seguinte (pela editora Pierre Lafitte, casa de outros 25 títulos de Gaston) e no qual apresenta Joseph Rouletabille, jornalista e investigador, um de seus personagens mais famosos.
Gaston Leroux lançou dezenas de livros – inclusive um pela Gallimard, editora das mais reverenciadas em todo o mundo –, viu sua obra começar a ser adaptada para o cinema (a primeira adaptação foi assinada pelo diretor Victorin Jasset, que transformou em filme o livro Balaoo), escreveu roteiros e emplacou ao menos uma peça de grande sucesso: L’Homme qui a vu le diable, que estreou em 1911. Influenciado por nomes como Edgar Allan Poe e Arthur Conan Doyle, defendia firmemente a literatura policial, enquanto via sua obra ser comparada a clássicos como 20 mil léguas submarinas, de Jules Verne, por conta do apuro técnico apresentado em seus enredos. Parece não haver espaço para magia ou milagres na literatura de Leroux, traço também presente em O Fantasma da Ópera, seu maior trabalho.
Leroux casou-se duas vezes: com Marie Lefranc, em 1899, e com Jeanne Cayatte, a quem conheceu e com quem começou a se relacionar em 1902, durante sua temporada suíça como repórter. Gaston e Jeanne viveriam em concubinato durante quinze anos – dado que Marie recusava-se a assinar a papelada do divórcio de um amor que durou tão pouco – e só conseguiriam oficializar sua união em 1917, quando já tinham dois filhos. Gaston Leroux morreu em Nice, onde vivia desde 1909, no dia 15 de abril de 1927.
O Fantasma da Ópera foi publicado primeiramente de forma seriada, no jornal Le Gaulois, entre setembro de 1909 e janeiro de 1910, e neste mesmo ano reunido em livro pela Lafitte. O romance apresenta um triângulo amoroso que envolve Christine Daaé e Raoul, dois amigos de infância distanciados pelo tempo, e Erik. Christine é uma órfã que cresceu acolhida por funcionários da Ópera de Paris, onde aprendeu a cantar magnificamente, graças à ajuda de uma voz misteriosa, talvez um anjo, que sussurrava segredos e belas melodias em seu ouvido. Raoul, agraciado com o título de visconde de Chagny, fez carreira na Marinha e encontra-se num período de licença em Paris, e uma noite ouve Christine cantar, o que reaviva o amor que sentia pela moça na infância.
Erik, de sua parte, é um apaixonado por música que, devido a um segredo, vive nos bastidores da Ópera de Paris, conhecendo cada corredor, cada porta, cada passagem e cada um dos muitos mistérios que se escondem atrás ou abaixo do palco onde as apresentações acontecem. Enigmático, poucos sabem de sua existência e, quando o mencionam, normalmente são desacreditados.
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