Nenhuma dica foi dada à família sobre como seria desenvolvida. Das conjunções, orações interrompidas, e outros claros indícios de descuido e pressa no original, podemos estar certos de que Miss Austen só rascunhava ideias para personagens e cenas ao lhe virem à mente sem pensar em sequência ou organização. Com sua experiência e aptidão natural à expressão, pode, por acaso, ter chegado a uma ou duas frases que sobreviveriam à revisão; mas aqui não temos mais do que poucas notas interessantes e sugestivas de referência, para quando tivesse tempo – ai de nós! o que nunca teve – para começar a escrever um outro romance.
Por outro lado, Os Watsons, também um manuscrito muito corrigido, provavelmente escrito em Southampton em 1807, é um rascunho inicial de Emma, e é provável que não se diferencie desse romance em cenas, personagens e enredo, do que Razão e Sensibilidade de Elinor and Marianne ou mesmo Orgulho e Preconceito de First Impressions. Ao contrário de Sanditon, esse fragmento foi bem pensado e redigido – tanto no enredo quanto na redação. Miss Austen já sabia o que pretendia fazer com as personagens, como informou à sua família com algum detalhe, e estava na verdade empenhada em contar uma história.
“Mr. Watson logo vai morrer e Emma dependerá de sua cunhada tacanha e de seu irmão para ter um lar. Ela deverá recusar uma proposta de casamento de lorde Osborne, e muito do interesse da história surgirá do amor de Lady Osborne por Mr. Howard e de seu amor contrariado por Emma, com quem ele finalmente se casará”.
Permaneceu inacabado por razões inteiramente ligadas às circunstâncias pessoais de sua vida privada, e quando, após a publicação de Mansfield Park, ela retomou os personagens e o assunto desse interessante fragmento, circunstâncias pessoais novamente forçaram pelo menos uma mudança drástica no enredo – evitar reflexões sobre uma cunhada benquista; ao invés de prosseguir com o rascunho inicial, fez novo começo que se tornou a versão não retocada de um romance de Jane Austen, escrito com cuidado após revisões de um primeiro rascunho, este mesmo extensivamente corrigido no processo de reescrita, faltando apenas o acabamento final do fraseado perfeito e de ideias, notadamente fraco em humor e inteligência, como observamos.
No entanto, é com os capítulos originais de Persuasão que podemos aprender mais sobre seu consumado talento artístico e maravilhosos poderes de autocrítica; prova – de forma incontestável – o padrão de perfeição no qual ela insistia em todos os aspectos. Pois esse são de fato uma parte do rascunho final, acabado: o romance completo que, quando o escreveu, deixara-a satisfeita e tinha sido planejado para publicação. Ainda assim, continuaram a ser objeto de cuidadosa meditação, e as reflexões de uma noite a convenceram de que poderiam ser melhorados ainda mais.
Em alguns parágrafos magistrais, foi criada a trabalhosa cena inteira da migração repentina de um grande grupo familiar para Bath: emprestando drama e ênfase ao entendimento apropriadamente calmo, quase secreto e longamente adiado entre herói e heroína – pelo contraste com as frivolidades ruidosas dos outros; situando o clímax, ou dénouement, da história inteira sob uma luz natural e de conveniente suavidade, cujo ganho é de fato grande.
Os artifícios dos Capítulos Originais para reunir Anne e o capitão Wentworth são, comparativamente, crus e forçados, mas permanecem um exemplo encantador do melhor e mais finamente trabalho acabado de Jane Austen; do qual nenhum outro escritor poderia ter sentido nada que não fosse orgulho; com o qual alguém menos severamente exigente na prática cuidadosa da arte seguramente teria ficado satisfeito.
Em muitos aspectos, Lady Susan[1], escrito em Bath por volta de 1805, deve ser considerado como fora das categorias enumeradas acima. Mas também é uma obra que Jane Austen não considerou digna de publicação, se alguma vez foi concebido para impressão, e certamente não pode ser descrito como um típico romance de Jane Austen.
É, como podemos seguramente assumir, um rascunho final: o manuscrito quase livre de correções ou rasuras, nesse aspecto um exemplo de trabalho acabado. Por outro lado, é escrito em forma de “cartas”, um formato experimentado de início, e claramente descartado para sempre como instrumento narrativo. Por um exame cuidadoso de sua vida e do desenvolvimento contínuo de sua arte, estou pessoalmente disposto a acreditar que era um exercício de composição deliberado, como Love and Friendship e os fragmentos de sua infância – sem planejamento. Seus romances eram bem pensados, escritos uma primeira vez, reformulados e finalmente revisados, quando estava em Steventon ou Chawton. Nos anos incertos que passou em Bath e Southampton, deu uma atenção esparsa e interrompida a novos e velhos trabalhos; durante o qual pode ter acontecido de resolver exercitar sua habilidade em lidar com um estilo de escrita pouco compatível com sua imaginação alegre e amorosa, o vilão da peça. Para o romance familiar, seria de se esperar ocasionalmente, se não com frequência, como o símbolo do perfeito remendo – embora, na verdade, nunca aparecesse assim num verdadeiro romance de Jane Austen. Esta pode bem ter sido a origem de Lady Susan; mas para nós permanece como mais um valioso exemplo de sua arte, ao qual seu gênio não deu o polimento final em ideia, fraseado ou construção invariavelmente exigidos de si antes de oferecer algo ao mundo.
Lady Susan, Os Watsons, e os Capítulos Originais de Persuasão foram publicados pela primeira vez na segunda edição (1871) de Memoir of Miss Austen, de autoria de seu sobrinho, J. E. Austen-Leigh. Lady Susan e Os Watsons foram reimpressos em três edições dos romances: (1) os dois volumes adicionais, XI e XII, acrescentados ao “Winchester”, de John Grant (Edimburgo) em 1912; (2) o “Adelphi” em sete volumes, 1923; (3) o “Georgian” em cinco volumes, 1927. Os Watsons foi também publicado em 1923, com uma breve introdução de A. B. Walkley.
O Projeto de um Romance também foi citado no Memoir, e impresso, completo e corrigido, em Life and Letters, de William e Richard Arthur Austen-Leigh, em 1913. Ele é reeditado aqui pela amável permissão de Mr. R. A. Austen-Leigh.
Todo fragmento, desde então, foi inteiramente cotejado dos manuscritos, e editado por Mr.
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