Então, usando seus traços para construir um sorriso pronto, e artificialmente suavizando sua voz, ele acrescentou, com um ar afetado, “Está há muito tempo em Bath, madame?”

“Cerca de uma semana, senhor”, replicou Catherine, tentando não rir.

“Sério?”, perguntou com falsa surpresa.

“Por que a surpresa, senhor?”

“Sim, é verdade! Por que...?”, ele disse em seu tom natural. “Mas, alguma emoção deveria ser provocada por sua resposta, e a surpresa é a mais facilmente aceitável, e não menos racional que qualquer outra. Agora, prossigamos. Nunca esteve aqui antes, madame?”

“Nunca, senhor”.

“Ora! Você já honrou os Salões Superiores?”

“Sim senhor, estive lá na última segunda-feira”.

“Já foi ao teatro?”

“Sim, senhor, estive na peça de terça-feira”.

“Ao concerto?”

“Sim senhor, na quarta-feira”.

“E você está gostando de Bath, como um todo?”

“Sim, gosto muito”.

“Agora devo sorrir falsamente, e então poderemos ser racionais novamente”. Catherine virou sua cabeça, sem saber se poderia se aventurar a rir. “Vejo o que você pensa de mim”, ele disse, gravemente – “Deverei ser nada além de uma triste figura em seu diário, amanhã”.

“Meu diário?!”

“Sim, sei exatamente o que você dirá: Sexta-feira, fui aos Salões Inferiores. Vesti meu roupão de seda enfeitado de ramos com detalhes azuis, sapatos pretos lisos que pareceram cair muito bem, mas fui estranhamente incomodada por um homem pouco genial e esquisito, que me fez dançar com ele e me agoniou com suas besteiras”.

“Na verdade, não devo dizer tais coisas”.

“Devo lhe dizer o que você diria?”

“Se quiser”.

“Dancei com um jovem muito agradável, apresentado pelo senhor King. Conversei muito com ele e me pareceu ser um gênio dos mais extraordinários. Espero que eu conheça mais dele. Isso, madame, é o que desejo que escreva”.

“Mas, talvez, eu não tenha diário algum”.

“Talvez você não esteja sentada nesta sala, e eu não esteja sentado com você. Estes são pontos em que a dúvida é igualmente possível. Não manter um diário! Como suas primas ausentes vão entender o tom de sua vida em Bath, sem um diário? Como as civilidades e os feitos de cada dia serão relatados como devem, a menos que sejam anotados a cada noite em um diário? Como serão relembrados seus vários vestidos e o estado particular de seu semblante e os cachos de seus cabelos, descritos em toda a sua diversidade, sem recorrer constantemente a um diário? Querida madame, não sou tão ignorante dos modos das jovens damas como você supõe acreditar. É este delicioso hábito de manter um diário que em muito contribui para formar o fácil estilo de escrever pelo qual as damas são geralmente celebradas. Todos concordam que o talento de escrever agradáveis cartas é peculiarmente feminino. A natureza pode ter feito algo, mas estou certo de que deve ter sido essencialmente ajudada pela prática de manter um diário”.

“Penso, às vezes”, disse Catherine hesitante, “se as damas realmente escrevem cartas melhor do que os cavalheiros! Quero dizer, eu não diria que a superioridade esteja sempre ao nosso lado”.

“Pelo que tive oportunidade de julgar, parece-me que o estilo habitual de redigir cartas entre as mulheres é perfeito, exceto por três detalhes”.

“E quais são eles?”

“Uma deficiência geral de assunto, uma total falta de atenção à pontuação e uma ignorância muito frequente de gramática”.

“Realmente! Não preciso temer o elogio. Você não tem uma ideia muito boa de nós, nesse sentido”.

“Não deverei mais estabelecer como regra geral que as mulheres escrevem melhores cartas que os homens, que elas cantam melhores duetos ou desenham melhores paisagens. Em cada poder, no qual o gosto é a base, a excelência é muito bem dividida entre os sexos”.

Foram interrompidos pela senhora Allen: “Minha querida Catherine”, disse ela, “retire este alfinete de minha capa. Temo que já tenha feito um furo. Ficarei muito triste se for o caso, pois este é meu vestido favorito, embora não custe mais do que nove xelins a jarda”.

“Era exatamente isso o que eu teria achado, madame”, disse o senhor Tilney, olhando para a seda.

“Você entende de seda, senhor?”

“Particularmente bem. Sempre compro minhas próprias gravatas, e me permito ser um excelente juiz. E minha irmã, às vezes, confia-me a escolha de um vestido. Comprei um para ela outro dia, e me disse que foi uma compra prodigiosa por todas as damas que o viram. Não dei mais que cinco xelins por jarda por ele, e era uma verdadeira seda indiana”.

A senhora Allen estava bastante surpresa com o seu gênio. “Os homens geralmente dão tão pouca atenção a estas coisas”, disse ela; “Não consigo fazer com que o senhor Allen distinga um vestido de outro. Você deve ser um grande conforto para sua irmã, senhor”.

“Espero que sim, madame”.

“E, por favor, senhor, o que acha do vestido da senhorita Morland?”

“É muito bonito, madame”, disse ele, examinando-o gravemente. “Mas não acho que a lavagem o fará bem. Temo que ele desfie”.

“Como pode”, disse Catherine, rindo, “ser tão...”. Ela quase disse “estranho”.

“Sou bem da mesma opinião, senhor”, replicou a senhora Allen; “e foi o que eu disse quando a senhorita Morland o comprou”.

“Mas você sabe, madame, que a seda sempre pode se transformar em uma coisa ou outra. A senhorita Morland terá o suficiente para um lenço, um chapéu ou uma capa. Não se pode dizer que a seda é desperdiçada.