O momento passou. — Vale a pena tentar, não acha? — disse ele, alegre.
Incapaz de falar, ela assentiu. Agora ele estava brincando. Mas não estava assim antes.
— Preciso ir. Eu não devia ter ficado esse tempo todo — completou ele.
Cassie engoliu em seco.
— É melhor ter cuidado. Acho que Jordan tem uma arma...
— Isso não me surpreenderia — e fez um gesto de desprezo, impedindo-a de dizer mais alguma coisa. — Não se preocupe; vou embora de Cape. Por ora, pelo menos. Mas vou voltar; talvez eu te veja depois. — Começou a se virar, então parou por um último momento e pegou sua mão de novo. Cassie ficou assustada demais com a sensação de sua pele contra a dele para fazer alguma coisa. Ele virou sua mão e olhou as marcas vermelhas no pulso, depois roçou de leve a ponta dos dedos por elas. O brilho com tonalidade de aço tinha voltado a seus olhos quando ele levantou a cabeça.
— E acredite — sussurrou o garoto —, um dia ele vai pagar por isso. Eu lhe prometo.
Depois ele fez uma coisa que chocou Cassie mais do que qualquer outra durante aquele dia cheio de fortes emoções. Levou a mão ferida aos lábios e a beijou. Foi o mais suave e leve dos toques, que correu por Cassie como fogo. Ela o olhou, pasma e incrédula, inteiramente sem fala. Não conseguia se mexer nem pensar; só ficar parada ali e sentir.
E então ele foi andando, assobiando para o cão, que correu em círculos em volta de Cassie antes de finalmente disparar. Ela estava sozinha, olhando-o ir, os dedos cerrados com força na pedrinha áspera na palma da mão.
Foi só então que ela percebeu que não tinha perguntado o nome dele em momento algum.
3
Um minuto depois, Cassie saiu de seu torpor. Era melhor se mexer; Logan e Jordan voltariam a qualquer segundo. E se percebessem que ela havia mentido de propósito para eles...
Cassie sofria ao subir com dificuldade a duna íngreme. O mundo ao seu redor parecia comum de novo, mas era cheio de magia e mistério. Era como se estivesse num sonho e agora acordasse. No que ela estava pensando? Em algum absurdo sobre cordões prateados, destino e um cara que não era parecido com nenhum outro. Mas tudo isso era ridículo. A pedra em sua mão era só uma pedra. E as palavras eram só palavras. Até aquele garoto... É claro que de maneira alguma ele podia ouvir seus pensamentos. Ninguém pode fazer isso; tinha de haver uma explicação racional...
Ela apertou mais a pedrinha.
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