Ela se levantou e pegou a toalha. Depois, enrolando-se nela, partiu pela praia na direção que o garoto tomou.
2
Quando chegou ao lugar onde o garoto tinha virado, Cassie subiu as dunas em meio a montinhos deploráveis de grama irregular. Lá em cima ela olhou ao redor, mas não havia nada além de arbustos de pinheiros e carvalhos. Nenhum garoto. Nenhum cachorro. Silêncio.
Ela estava com calor.
Tudo bem; ótimo. Cassie se virou para o mar, ignorando o sentimento de decepção, o estranho vazio que sentiu de repente. Ia ficar suada e se gripar. O problema de Portia era de Portia. Quanto ao ruivo — bom, era provável que nunca mais o visse, e ele também não era problema dela.
Um pequeno tremor a inquietou por dentro; não do tipo que transparece, mas daquele que faz uma pessoa se perguntar se está doente. Deve estar calor demais, concluiu ela; calor suficiente para ter calafrios. Preciso de um mergulho na água.
A água estava fria, porque este era o lado de mar aberto, virado para o Atlântico, de Cape. Ela entrou até os joelhos na água e continuou andando pela praia.
Quando chegou a um píer, saiu do mar espalhando água e subiu. Só três barcos estavam atracados ali: dois a remo e um a motor. Estava deserto.
Era exatamente disso que Cassie precisava.
Ela desenganchou a corda grossa e puída que pretendia manter as pessoas afastadas do píer e entrou. Foi até bem longe, com a madeira castigada pelo tempo rangendo sob seus pés e a água se estendendo dos dois lados. Quando olhou na direção da praia, viu que tinha deixado os outros banhistas bem para trás. Uma leve brisa soprou em seu rosto, agitando o cabelo e dando-lhe arrepios nas pernas molhadas. De repente ela se sentiu... Não conseguia explicar. Como um balão sendo apanhado e erguido pelo vento. Sentiu-se leve, sentiu-se expandir. Sentiu-se livre.
Ela queria estender os braços para a brisa e o mar, mas não ousaria tanto. Não era tão livre assim. Mas sorriu ao chegar à extremidade do píer.
O céu e o mar eram exatamente do mesmo azul-escuro de uma joia, mas o céu clareava no horizonte, onde os dois se encontravam. Cassie pensou que podia ver a curvatura da Terra, mas devia ser sua imaginação. Andorinhas-do-mar e gaivotas-prateadas sobrevoavam em círculos.
Eu devia escrever um poema, pensou Cassie. Tinha um caderno cheio de poemas rabiscados em casa, debaixo da cama. Nunca os mostrou a ninguém, mas olhava-os à noite. Neste momento, porém, não conseguia pensar em palavra nenhuma.
Ainda assim, era maravilhoso simplesmente estar ali, sentindo o cheiro do mar salgado, as tábuas quentes sob os pés e ouvindo o ir e vir suave da água batendo nas pilastras de madeira.
Era um som hipnótico, ritmado como o coração de um gigante ou a respiração do planeta, e estranhamente familiar.
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