A Viagem

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Folha de Rosto

Vi r g i n i a Wo o l f

 

 

 

 

A Viagem

 

 

 

tradução

Lya Luft

 

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Créditos

The Voyage Out

Copyright da tradução © 2007 by Lya Luft

Copyright © 2008 by Novo Século Editora Ltda.

 

Produção Editorial: Equipe Novo Século

Capa: Guilherme Xavier / gxavier.com

Projeto Gráfico: Guilherme Xavier

Composição: Cintia de Cerqueira Cesar

Tradução: Lya Luft

Revisão: Gabriel Kwak

Diagramação para ebook: Janaína Salgueiro

 

Woolf, Virginia

A travessia das aparências / Virginia Woolf ;

tradução Lya Luft. -- Osasco, SP : Novo Século

Editora, 2008.

 

Título original: The voyage out.

 

1. Ficção inglesa I. Título.

08-04464

CDD-823

 

1. Ficção : Literatura inglesa 823

 

2008

IMPRESSO NO BRASIL

PRINTED IN BRAZIL

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À

NOVO SÉCULO EDITORA LTDA.

Rua Aurora Soares Barbosa, 405 – 2º andar
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Dedicatória







Para L.W.

Prefácio

A Viagem deve ser saboreado como o primeiro romance de Virginia Woolf. Foi certamente o trabalho mais difícil de sua brilhante carreira. Em agosto de 1906 ela escreveu à amiga Violet Dickinson contando ter escrito 40 páginas manuscritas. Segundo estudiosos essas 40 páginas podem ter sido o início de A Viagem. Ela embarca no livro pra valer em 1907. Mas levarão nove anos antes de seu primeiro romance emergir. Consta que a idéia teria começado em 1904. Nesse ano, depois da morte do pai,ela e os três irmãos deixaram a sorumbática atmosfera vitoriana da casa em Hyde Park Gate, onde tantas perdas ocorreram, e mudaram-se para o alegre bairro de Bloomsbury onde as mentes finalmente floresceram e onde teve início o lendário grupo de modernistas que ficaria conhecido como The Bloomsbury Group. Até a entrega para publicação, pela editora do meio-irmão Gerald Duckworth, em 1913, o livro teve várias versões e três títulos – Valentine, Melymbrosia e The Voyage Out. A versão definitiva é esta, que o leitor brasileiro tem em mãos,perfeitamente traduzida por Lya Luft (que também traduziu a maior parte da obra de Virginia Woolf publicada no Brasil). The Voyage Out teve sua primeira edição lançada em 1915, quando Virginia tinha 33 anos. Estava há três anos casada com Leonard Woolf.

Ao começar o livro, ainda como Virginia Stephen, solteira, ela vinha de várias perdas irreparáveis – a morte damãe, da meia-irmã, do pai e, em 1906, a morte do irmão Thoby. Mortes devastadoras. Durante o processo Virginiapassou por muitas e profundas crises mentais, tentativas desuicídio, culminando com um longo internamento assimque o livro foi lançado.Tudo isso está esmiuçado nas váriasbiografias, nas teses acadêmicas e nos diários, cartas e memórias da escritora. Durante a vida e até seu suicídio em 1941 Virginia passou por tantas crises e internamentosque, em 17 de abril de 1928, numa carta bem humorada aosobrinho Quentin Bell (carta citada na biografia definitivade VW por Hermione Lee publicada pela Chatto &Windus, 1996) depois de visitar o asilo de St Rémy, naProvence, onde Van Gogh fora internado, Virginia, encantada com o lugar considerou a idéia de ser internada ali apróxima vez que pirasse.

Mas, voltando ao seu primeiro romance, para nós, brasileiros, é uma honra, até então não divulgada, que Virginiatenha escolhido para a ação do romance um vilarejo – fictício, é claro – situado em algum lugar no norte do Brasil.

O primeiro romance de Virginia Woolf se passa no Brasil?!

Pois é. É bem verdade que em nenhuma, das tantas páginas do livro, ela é explícita em citar o Brasil. Se por umlado, talvez por uma consciente ignorância geográfica, elatenha preferido não se comprometer e generalizar para al-gum lugar fictício na América do Sul situado “na boca doAmazonas”, nós, brasileiros, lendo o romance e tendo uma certa noção de geografia, imaginamos o lugar entre Maranhão e “a boca do Amazonas”. O pai de RachelVinrace,a heroína,é dono de uma frota de navios cargueiros que faz rota entre o estuário do Tâmisa, em Londres, eBuenos Aires. Euphosyne, o navio que faz a viagem do título – como era comum em navios de carga - leva algunspoucos passageiros, a negócio ou turismo – entre eles o casal Dalloway (que faz só um trecho da viagem - a deliciosaSra. Dalloway, que Virginia entregará ao público em Mrs.Dalloway, 1925, uma década depois do lançamento de A Viagem) e os tios de Rachel,o casal Ridley e Helen Ambrose.Helen, irmã de Theresa (a falecida mãe de Rachel) convence o pai deixar a filha sob seu cuidado para educá-la.Rachelestá com 24 anos. Rachel e os tios deixam o navio no portode Santa Marina onde o casal tem uma villa. O vilarejo temtambém um hotel cujos hóspedes, ingleses classe média devárias idades e extrações, improvisam uma típica colôniainglesa entre portugueses residentes - e filhos destes comíndios que também têm filhos com espanhóis. A paisagem é exuberante – rios gigantescos, florestas deslumbrantes e opressivas, praias, o mar, a luminosidade do céu, as transformações climáticas influindo no estado de espírito dos personagens, namoros e noivados, as vidas se entregam,como só os ingleses se entregam, ao paraíso e ao inferno desse meio ambiente. O livro certamente deve muito de sua inspiração a uma viagem a Portugal e Espanha feita em 1905 por Virginia e o irmão caçula Adrian. No cenário norte brasileiro tem até plantações de oliveiras, casas comlareira e outras características da paisagem ibérica. Numquestionário que fiz em 1996 com Quentin Bell, sobrinhoe primeiro biógrafo de Virginia Woolf e seu amigo de toda a vida, perguntei sobre A Viagem se passar no Brasil.