No original, “Doodle-bug, doodle-bug, tell me what I want to know”, literalmente, “Formiga-leão, diga-me o que eu quero saber”. (N.T.)

[2]. Alusão à floresta em que se refugiava o semilendário herói inglês, Robin de Locksley, chamado Robin Hood, por volta do século XII. Os caracteres citados um pouco mais adiante também são personagens da mesma lenda. (N.T.)

[3]. Conhecido na versão portuguesa como João Pequeno, porque era um homem muito alto e de grande força e habilidade, que se torna mais tarde um dos principais colaboradores de Robin Hood. (N.T.)

Capítulo 9

Às nove e meia daquela noite, Tom e Sid foram mandados para a cama, de acordo com o costume da casa. Os dois se ajoelharam e fizeram suas orações e Sid logo adormeceu. Mas Tom ficou acordado, esperando inquieto e cheio de impaciência. Quando achou que já era quase de madrugada, escutou o relógio bater as dez horas! Isso lhe provocou um verdadeiro desespero. Tinha vontade de se revirar na cama, sacudir os braços e pernas e voltar-se constantemente para a direita e para a esquerda, conforme seus nervos exigiam, mas tinha medo de acordar Sid, que dormia com ele na mesma cama. Assim, forçou-se a permanecer parado e a olhar para o teto envolto em escuridão. A casa inteira estava desanimadoramente quieta. Mas, depois de algum tempo, a tranquilidade foi sendo interrompida por barulhinhos quase imperceptíveis. Primeiro, foi o tique-taque do relógio que se impôs à atenção. As traves velhas começaram a estalar misteriosamente. Um degrau da escada rangeu de leve. Era evidente que havia fantasmas à solta na casa. Então, um ronco compassado e quase inaudível veio do quarto de tia Polly. Depois, começou o cansativo zumbir de um grilo, que nenhum engenho humano poderia localizar. A seguir, escutou-se o som pavoroso de um bicho-de-velório,[1] bem na parede que ficava por trás da cabeceira da cama de Tom, que teve um sobressalto, porque esse barulho significava que os dias de alguém estavam contados. Mais adiante, ele ouviu o uivo distante de um cão, atravessando o ar da noite, sendo depois respondido pelo uivo de outro cachorro, que soava bem mais fraco e portanto deveria estar ainda mais distante. Tom estava aflito. Depois de um longo intervalo, ele teve certeza de que o tempo havia parado e que começara a eternidade. Apesar de toda a sua concentração, começou a cochilar; e quando o grande relógio do andar inferior tocou melodiosamente as onze horas, ele nem sequer escutou. Repentinamente, em meio aos seus sonhos ainda informes, um miado muito melancólico veio da rua. O miado foi se repetindo, cada vez mais penetrante. Mas foi o ruído da janela de um de seus vizinhos que o acordou. Um grito de – “Dá o fora, diabo!” – e o quebrar de uma garrafa vazia contra a parede dos fundos do galpão da lenha de sua tia fez com que despertasse imediatamente, e, dentro de um minuto, ele estava vestido e saindo pela janela, de onde se arrastou de quatro para o telhado do alpendre. Emitiu um ou dois miados cautelosos enquanto prosseguia; depois, pulou para o telhado do galpão e de lá para o chão.