Estes davam de comer aos animais domésticos. Aqueles iam ao celeiro ajudar Franz a trazer os alimentos para os animais. Daisy lavava os copos, "Meio-Brooke" limpava-os, porque os gémeos gostavam de trabalhar juntos. Até o microscópico Teddy tinha a sua tarefa e andava de um lado para o outro recolhendo os guardanapos e pondo as cadeiras em ordem. Durante meia hora os rapazes trabalhavam como um enxame de abelhas. Quando por fim chegou a tipoia, o Sr. Bhaer e Franz, com os oito rapazes mais velhos, foram à igreja da cidade, que ficava a umas três milhas de distância.
Nat, por causa da tosse que tinha, ficara em casa com os quatro garotos mais pequenos, passando grande parte da manhã no quarto da Sra. Bhaer ouvindo as histórias que a bondosa senhora lhes contava. Nessa mesma ocasião aprenderam o hino e entretiveram-se a colar estampas num velho livro.
– Esta é a minha cela dominical – disse a tia Jo, mostrando-lhes armários cheios de volumes, estampas, caixas com pinturas, reproduções arquitetónicas, pequenos periódicos, papel, canetas, etc. – Quero que vós, meus filhos, ameis o domingo e o desejeis como grato descanso do estudo e do trabalho da semana. Mas quero que, ao mesmo tempo, vos recreeis, instruais e aprendais coisas diferentes das que vos ensinam na escola. Compreendes-me? – acrescentou dirigindo-se a Nat, que a escutava enlevado.
– Pretende ensinar-nos a sermos bons – respondeu o interpelado, depois de breve hesitação.
– Justamente. Quero ensinar-vos a serdes bons e a amardes o bem. Eu sei que, às vezes, é difícil consegui-lo, mas se vos auxiliardes mutuamente e com vontade firme tudo se alcançará. Eis um dos meios que uso para conseguir os meus fins – afirmou pegando num livro volumoso cheio de notas e abrindo-o numa página que tinha escrito um nome na parte superior.
– Mas esse é o meu nome! – disse Nat.
– Sim. Tenho uma página para cada menino. De cada um faço uma descrição da sua conduta durante a semana. Se é mau, fico desgostosa. Se é bom, fico alegre e sinto-me orgulhosa dele. De qualquer modo, sabendo que me interesso por eles, esforçam-se por agradar-me e agradar ao papá Bhaer, procurando cumprir e serem ajuizados e aplicados.
– Julgava que o eram sempre – observou Nat, vislumbrando o nome de Tommy na página oposta à sua e perguntando a si próprio o que haveria naquele relatório.
A Sra. Bhaer percebeu-o e, voltando a folha, declarou:
– Os meus apontamentos só são vistos pelos interessados. Chamo a este livro o meu livro da consciência. O que de ti escrever, só tu e eu o saberemos. De ti depende, pois, ficares satisfeito ou envergonhado quando leres a tua página no próximo domingo. Confio em que a descrição da tua conduta há de ser boa. Procurarei dar-te facilidades e agradar-me-á ver-te alegre, dócil e respeitador das nossas suaves regras, aprendendo e tirando proveito delas.
– Procurarei cumpri-las, minha senhora – prometeu Nat, ruborizando-se, desejando evitar à sua protetora o desgosto de uma má conduta e ansiando por proporcionar-lhe a alegria de um bom comportamento.
A mamã Bhaer, com os seus dois filhos e com Daisy, foi à cidade fazer a sua visita semanal à avó, visita que era sempre motivo de mútua satisfação. Não se sentindo Nat bastante forte para dar tão grande passeio, pediu que o deixassem ficar em casa com Tommy, que, ansiosamente, se tinha oferecido para lhe mostrar toda a quinta.
– Já conheces a casa, não é verdade? Deste modo, passaremos adiante e vou mostrar-te o jardim, o celeiro e o "Jardim Zoológico" – disse Tommy, quando ficaram sós com Asia, encarregada de evitar qualquer disparate, pois, embora Tommy fosse um rapazinho bem intencionado, não se passava um dia que não houvesse algum incidente desagradável a registar.
– O que é isso de "Jardim Zoológico"? – perguntou Nat, brincando com o seu amigo à volta da casa.
– Vais sabê-lo. Todos nós temos animais favoritos e guardamo-los no celeiro, ao qual demos o nome de "Jardim Zoológico". Cá estamos. Diz- me, não é maravilhoso o meu leitãozinho? – exclamou Tommy, mostrando com orgulho um porco horrivelmente feio.
– Conheço um menino que tem uma dúzia de leitõezinhos brancos e ofereceu-me um.
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