Mistérios do Mar

 

Arthur Conan Doyle

 

 

 

Mistérios do mar

Dois contos inéditos em português

do criador de Sherlock Holmes

 

 

 

 

Tradução e notas Antonio Carlos Olivieri


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

©2017, Disal Editora

 

Edição: Antonio Carlos Olivieri

Preparação e revisão: Tibiriçá Ramaglio

Capa: Lydia Maria Alves Olivieri

Ilustração da capa: Henry Scott Tuke – Le quatre-mâts – 1914

 

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Sumário

 

Sobre o autor

Sobre o livro

A verdadeira história do Marie Celeste

O capitão do Estrela Polar

O sobrevivente do navio fantasma

O capitão do Estrela Polar

 

 

 

 

 

 

 


Sobre o autor

 

 

Arthur Conan Doyle nasceu em Edimburgo, na Escócia, em 22 de maio de 1859. Era o terceiro filho do casal formado por Charles Altamont Doyle, pintor e ilustrador, e Mary Foley Doyle. O pai desenvolveu alcoolismo e chegou a ponto de ser internado, resultando na separação da família, que foi morar em casas de parentes. De qualquer modo, o futuro autor de Sherlock Holmes sempre foi próximo da mãe, que lhe incutiu o gosto pela literatura. Aos cinco anos, Conan Doyle já escreveu um pequeno conto sobre um caçador e um tigre.

Graças à ajuda dos tios, Conan Doyle foi mandado para escolas jesuíticas, uma na Escócia, outra na Áustria, para fazer os estudos equivalentes ao nosso ensino fundamental e médio. Apesar de essas escolas proporcionarem uma educação que lhe permitiu, em 1876, frequentar a Escola de Medicina da Universidade de Edimburgo, simultaneamente Doyle rejeitou a disciplina e o dogmatismo dos padres, abandonando o catolicismo, religião de sua família materna.

Em 1881, graduou-se na Universidade e começou a clinicar, mas não era fácil para os iniciantes obter sucesso na profissão. Assim, ainda quando estudante, aproveitou seu talento para a literatura, passou a escrever contos para jornais e revistas. Também engajou-se duas vezes como médico de bordo de dois navios, o baleeiro Hope of Peterhead, em que conheceu o Círculo Polar Ártico, e o navio comercial SS Mayumba, com o qual foi à costa da África Ocidental. É dessas experiências que surgirão os dois contos aqui apresentados.

De volta à Escócia, mais uma vez tentou exercer a medicina e chegou a especializar-se em oftalmologia, uma área que estava garantindo sucesso financeiro a muitos médicos britânicos. Mas Conan Doyle também não deu certo nisso e continuou a complementar seus rendimentos escrevendo ficção, até que, em 1886, escreveria o primeiro romance de grande sucesso, a partir do qual pôde se tornar um escritor profissional. O livro em questão é “Um estudo em vermelho”, o primeiro em que aparecem os dois personagens que o imortalizariam: o detetive Sherlock Holmes e seu companheiro de aventuras, o dr. Watson.

O personagem Sherlock Holmes foi inspirado num professor de Medicina de quem Conan Doyle foi aluno em Edimburgo, o dr. Joseph Bell, mestre da observação dos sintomas dos pacientes, para, a partir disso, deduzir seus diagnósticos. Por outro lado, não se pode negar certa influência de Edgar Allan Poe, um famoso escritor de mistério norte-americano, no desenvolvimento dos contos policiais de Conan Doyle.

O sucesso de Sherlock Holmes foi tamanho, que grande parte dos leitores acreditavam que tanto ele como o dr. Watson fossem pessoas reais. No total, Conan Doyle escreveu 56 contos com esses dois personagens e mais três romances, além daquele em que os dois surgiram, já mencionado acima. Contudo, o sucesso incomodou o autor, que gostaria de escrever outro tipo de literatura, que não fosse voltada para o simples entretenimento. Doyle chegou a fazer Sherlock Holmes ser morto no conto “O problema final”.

No entanto, ninguém aceitou esse fato: nem o público, nem os editores, nem a mãe de Conan Doyle, de modo que Sherlock “ressuscitou”, ou melhor, reapareceu num conto intitulado “A casa vazia”, em que o autor dá uma explicação para a suposta morte do personagem. Antes disso, já havia sido publicado o famoso romance “O cão dos Baskerville”, cujo enredo se passaria antes da morte de Sherlock.

Além do célebre detetive e de seu parceiro, Conan Doyle também criou um outro personagem de sucesso, o professor Challenger, que protagonizou alguns livros de ficção científica, dos quais o mais famoso é “O mundo perdido”, muitas vezes adaptado para o cinema e a televisão, assim como as aventuras de Holmes. Mas o escritor escocês escreveu ainda vários outros contos – policiais, de mistério e de terror – que foram injustamente esquecidos por conta de suas obras mais famosas. Além disso, escreveu romances históricos, dos quais “The white company”, sobre a Guerra dos 100 anos, é considerado o melhor. Muitos desses textos permanecem inéditos em português.

Evidentemente, além da literatura, Conan Doyle teve uma vida pessoal. Tinha paixão pelos esportes e foi goleiro do Portsmouth Association Football Club. Também jogou cricket – um esporte tipicamente britânico – no qual se destacou. O escritor casou-se em 1885 com Mary Louise Hawkins, com quem teve dois filhos. Não era ela, porém, sua grande paixão. Assim, quando Mary Louise morreu, em 1906, Doyle não demorou a se casar com Jean Elizabeth Leckie, com quem mantinha uma relação platônica, enquanto a primeira esposa ainda era viva. Com Jean Elizabeth, o escritor teria mais três filhos.

Conan Doyle se envolveu com causas políticas de sua época. Defendeu a posição da Inglaterra na Guerra dos Bôeres, travada contra os colonos holandeses na África do Sul, entre 1899 e 1902.