A cadeira e a cama pareceram executar um bailado de triunfo por alguns segundos, e depois tudo ficou em silêncio.

A sra. Hall viu-se num estado de quase prostração, amparada pelos braços do marido. Foi com a maior dificuldade que ele e Millie, a quem o barulho havia despertado, conseguiram levá-la para o andar térreo e dar-lhe um estimulante.

— São os espíritos — disse a sra. Hall, quando se refez. — Eu sei que são os espíritos. Já li no jornal. Mesas e cadeiras que pulam, se mexem...

— Tome mais um gole, Janny — disse o sr. Hall. — Vai lhe fazer bem.

— Tranque a porta! — exclamou ela. — Não deixe aquele homem voltar. Eu quase adivinhei... devia ter percebido. Com aqueles óculos, aquela cabeça enfaixada e sem querer ir à missa no domingo... E todas aquelas garrafas, muito mais do que é decente uma pessoa ter! Ele botou espíritos na minha mobília, minha mobília tão antiga e tão boa! Minha mãe costumava sentar naquela cadeira quando eu era pequena. Pensar que a cadeira agora me agrediu!

— Mais um golezinho, Janny — disse Hall. — Você está nervosa.

Millie foi mandada até o fim da rua, já banhada pela luz dourada do amanhecer, para acordar o sr. Sandy Wadgers, o ferreiro local. O sr. Hall enviava seus cumprimentos e mandava dizer que os móveis estavam se comportando de uma maneira muito estranha. Será que o sr. Wadgers podia dar um pulinho até a hospedaria?... O sr. Wadgers era um homem de conhecimentos e cheio de recursos. Encarou o pedido com uma expressão grave.

— Que eu me dane se isso não for feitiçaria — declarou. — Vão precisar de ferraduras para se proteger de gente desse tipo.

Quando chegou, tinha uma expressão preocupada. Pediram-lhe que subisse ao andar superior, mas ele não tinha pressa. Preferiu discutir o assunto ali mesmo, na entrada. Do outro lado da rua, o aprendiz de Huxter começou a abrir as janelas da tabacaria e foi convidado a participar da discussão. O sr. Huxter naturalmente juntou-se a eles um minuto depois.