“Aquela cousa ’stá andano de novo, e dessa vez à luz do dia! ’stá à solta — à solta e agora meso vino nessa direção, e só Deus sabe quano vai nos alcançá!”
O interlocutor deu mais um arquejo e calou-se, porém outro homem deu prosseguimento à mensagem.
“Uma meia hora atrás o telefone do Zeb Whateley tocô e era a siora Corey, esposa do George, que mora perto da bifurcação. Ela disse que o Luther ’stava trazeno o gado pra longe da tempestade depois daquele grande relâmpago quano viu as árvore tudo se entortano na cabicera do vale — no outro lado — e sintiu o meso chero horrívio que sintiu quano encontrô aquelas marca na manhã de segunda. E ela contô que ele disse que tamém oviu um zunido mais alto do que as árvore e os arbusto podio fazê, e de repente as árvore ao longo da estrada começaro a se curvá pro lado e ele oviu u’as pancada e um chapinhá terrívio no barro. Mas preste atenção, o Luther não viu nada, só as árvore e os arbusto se entortano.”
“Depois mais adiante onde o Bishop’s Brook passa por baxo da estrada ele oviu uns estalo e uns rangido terrívio na ponte e disse que o som era de madera rachano e quebrano. E todo esse tempo ele não viu nada, só as árvore e os arbusto se entortano. E quano o zunido se afastô pela estrada em direção à casa do Bruxo Whateley e da Sentinel Hill, o Luther, ele teve a corage de subi até o lugar onde tinha ovido os barulho pela primera vez e de olhá pro chão. ’stava tudo virado em água e lama, e o céu ’stava escuro, e a chuva ’stava apagano as trilha dipressa, mas na cabicera do vale, onde as árvore tinho se mexido, ele inda consiguiu vê algumas daquelas pegada medonha do tamanho dum barril que nem ele tinha visto na segunda.”
Nesse ponto o primeiro interlocutor o interrompeu, visivelmente nervoso.
“Mas agora o problema não é esse — isso foi só o começo. O Zeb aqui ’stava chamano as pessoa e todo mundo ’stava escutano quano um telefonema do Seth Bishop nos interrompeu. A Sally, a criada dele, ’stava quase teno um troço — ela tinha acabado de vê as árvore se entortá na bera da estrada, e disse que ’stava ovino um som pastoso, que nem a respiração e os passo dum elefante ino em direção à casa. Aí ela se levantô e de repente sintiu um chero horrívio, e disse que o Cha’necy começô a gritá que era o mesmo chero que tinha sintido nas ruína da casa dos Whateley na manhã de segunda. E os cachorro ’stavo tudo dano uns latido e uns ganido pavoroso.”
“E depois ela soltô um grito horrívio e disse que o galpão na bera da estrada tinha arrecém desmoronado, só que o vento da tempestade não tinha força suficente pra fazê aquilo. Todo mundo ficô escutano, e deu pra ovi várias pessoa assustada na linha. E de repente a Sally, ela gritô de novo e disse que a cerca da frente tinha se espatifado, mas não se via nenhum sinal do que podia tê feito aquilo. Aí todo mundo na linha pôde escutá o Cha’ncey e o velho Seth Bishop gritano tamém, e a Sally começou a dizê que alguma cousa pesada tinha acertado a casa — não um raio nem nada paricido, mas alguma cousa pesada que ’stava bateno sem pará na frente da casa, meso que não desse pra vê nada pelas janela. E aí… aí…”
As linhas do desespero ficaram mais profundas em todos os rostos; e Armitage, abalado como estava, mal tinha a compostura necessária para solicitar ao interlocutor que prosseguisse.
“Aí… A Sally, ela gritô, ‘Socorro, a casa ’stá disabano’… e na linha a gente pôde ovi o estrondo dum disabamento e um enorme dum gritedo… que nem na casa do Elmer Frye, só que pior…”
O homem fez uma pausa, e outro integrante do grupo tomou a palavra.
“Isso é tudo — não se oviu mais nenhum pio no telefone depois disso. Ficô tudo em silêncio. Nós que ovimo tudo entramo nos Ford e nas carreta e juntamo o maior número de homes capazes que a gente consiguiu na casa dos Corey e viemo pra cá vê o que os siores acho melhor a gente fazê. Mas eu acho que esse é o julgamento do Senhor pras nossa iniquidade, que nenhuma criatura mortal é capaz de detê.”
Armitage percebeu que o momento de tomar a iniciativa havia chegado e falou de maneira decidida para o grupo de rústicos assustados.
“Precisamos seguir essa coisa, rapazes.” Tentou fazer com que a voz soasse da maneira mais confiante possível. “Acho que nós podemos tirá-la de ação. Os senhores sabem que os Whateley eram bruxos — bem, essa coisa é fruto de uma bruxaria, e precisamos acabar com ela da mesma forma. Eu vi os diários de Wilbur Whateley e li alguns dos estranhos livros que ele costumava ler; e acho que posso recitar um encantamento para fazer essa coisa sumir. Claro que eu não posso dar nenhuma certeza, mas acho que podemos ao menos tentar. A criatura é invisível, como eu imaginava, mas esse aerosol de longa distância contém um pó capaz de revelá-la por alguns instantes. Mais tarde podemos experimentar. É terrível ver uma coisa dessas à solta, mas teria sido ainda pior se Wilbur tivesse vivido por mais tempo. Os senhores nem imaginam do que o mundo escapou. Agora precisamos apenas enfrentar essa coisa, e ela não tem como se multiplicar. Mesmo assim, pode fazer grandes estragos; então não podemos hesitar em salvar a comunidade.”
“Precisamos segui-la — e a melhor maneira de começar é indo até o lugar que acabou de ser destruído. Peço que alguém nos guie até lá — eu não conheço muito bem as estradas por aqui, mas acredito que exista um atalho por entre as propriedades. Que tal?”
Uma certa agitação tomou conta dos homens por alguns instantes, e por fim Earl Sawyer falou com uma voz mansa, apontando o dedo imundo em meio à chuva cada vez mais fraca.
“Eu acho que o sior pode chegá até a casa do Seth Bishop mais dipressa cortano caminho pelos pasto mais baixo aqui, passano o riacho a vau e subino as terra do Carrier e o pátio de lenha mais adiante.
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