quer se casar com uma bonita viúva americana... todos o fazem hoje em dia... odeia Mr. Gladstone... mas muito interessado em besouros: pergunte-lhe o que ele acha de Schouvaloff[8].’ Simplesmente fugi. Gosto de descobrir as pessoas por mim mesmo. Mas a pobre lady Brandon trata seus convidados exatamente como um leiloeiro trata suas mercadorias. Ou ela os revela inteiramente, ou conta tudo sobre eles menos o que queremos saber. Mas o que ela disse sobre Mr. Dorian Gray?”

“Ó, ela murmurou algo como ‘Rapaz encantador... sua pobre mãe e eu absolutamente inseparáveis... noivas do mesmo homem... quero dizer, nos casamos no mesmo dia... que tolice, a minha! Esqueci por completo o que ele faz... receio que ele... não faça nada... Ó, sim, ele toca piano... ou é violino, caro Mr. Gray?’ Nenhum de nós pode deixar de sorrir, e na mesma hora nos tornamos amigos.”

“O riso não é um mau começo para uma amizade, e é o melhor final para uma”, disse lorde Henry, arrancando outra margarida.

Hallward escondeu o rosto nas mãos. “Você não entende o que é amizade, Harry”, murmurou, “ou o que é inimizade, por falar nisso. Você gosta de todo mundo, ou seja, você é indiferente a todo mundo.”

“Quão terrivelmente injusto você é!” exclamou lorde Henry, inclinando o chapéu para trás e olhando para as pequenas nuvens que, como meadas desfeitas de seda branca brilhante, vagavam pelo turquesa profundo do céu veranil. “Sim, terrivelmente injusto de sua parte. Diferencio muito bem as pessoas. Escolho meus amigos por sua boa aparência, meus conhecidos pelo caráter, e meus inimigos pelo intelecto. Um homem nunca é cuidadoso demais na escolha de seus inimigos. Não tenho nenhum que seja tolo. Todos são homens de certa capacidade intelectual e, portanto, todos eles me apreciam. Muita vaidade de minha parte? Acho que é mesmo.”

“Eu diria que sim, Harry. Mas de acordo com as suas categorias eu devo ser um mero conhecido.”

“Meu caro e velho Basil, você é muito mais que um conhecido.”

“E muito menos que um amigo.