Eu a havia encontrado apenas uma vez, mas ela colocou em sua cabeça que deveria me tratar como uma celebridade. Acredito que alguma pintura minha tenha feito um grande sucesso naquele tempo ou pelo menos tenha sido comentada pelos jornais baratos, que é o padrão do século 19 de imortalidade. Logo me encontrei frente a frente com o jovem rapaz, cuja personalidade tinha tão estranhamente me atiçado. Estávamos muito próximos, quase nos tocando. Nossos olhos se encontraram novamente. Foi loucura minha, mas pedi a lady Brandon que me apresentasse a ele. Talvez não tenha sido tanta loucura, no final das contas. Era simplesmente inevitável. Teríamos nos falado mesmo sem qualquer apresentação. Estou certo disso. Dorian me disse isso depois. Ele também sentira que estávamos destinados a nos conhecer um ao outro”.

“E como lady Brandon descreveu este maravilhoso jovem rapaz? Sei que ela costuma dar um rápido e detalhado resumo de todos os seus convidados. Lembro-me dela me levando a um velho cavalheiro, muito truculento e de rosto avermelhado, todo recoberto com medalhas e faixas, e sibilando em meus ouvidos um sussurro trágico que deve ter sido perfeitamente audível para todos na sala, algo como ‘Senhor Fulano de Tal... você sabe... fronteira afegã... intrigas russas: um homem de muito sucesso... esposa morta por um elefante... muito inconsolável... quer se casar com uma bela viúva norte-americana... todos fazem isso hoje em dia... odeia o senhor Gladstone... mas tem muito interesse em besouros: pergunte-lhe o que acha de Schouvaloff’. Eu simplesmente fugi. Gosto de descobrir as pessoas por mim mesmo. Mas a pobre lady Brandon trata as pessoas exatamente como um leiloeiro trata as suas mercadorias. Ou ela os desvenda por completo ou diz a alguém tudo sobre eles exceto o que se quer realmente saber. Mas o que ela disse sobre o senhor Dorian Gray?”

“Oh, ela murmurou, ‘Rapaz encantador... eu e a pobre e querida mãe somos inseparáveis... comprometidas a nos casar com o mesmo homem... quero dizer, casar no mesmo dia...