O mistério do destino que era dado ao leite depressa se

desvendou. Todos os dias era misturado na ração dos porcos.

As primeiras maçãs já estavam maduras e a relva do pomar

estava cheia de fruta caída. Os animais tinham suposto como

certo que a fruta seria repartida igualmente por todos;

um dia, contudo, recebeu-se ordem para recolher e

trazer para a casa dos arreios toda a fruta caída, para uso

dos porcos. Alguns dos outros animais resmungaram, mas não

serviu de nada. Todos os porcos estavam de acordo neste ponto,

até Snowball e Napoleão. Squealer foi enviado para dar

explicações aos outros.

Camaradas! - gritou ele. - Com certeza não pensam, espero

eu, que os porcos fazem isto com um espírito de egoísmo e

superioridade. Na realidade, muitos de nós não gostam de leite

e maçãs. O nosso único objectivo, ao ficar com estas coisas, é

preservar a saúde. O leite e as maçãs (e isto, camaradas, é

comprovado pela ciência) contêm substâncias absolutamente

necessárias ao bem-estar de um porco. Nós, porcos, trabalhamos

com o cérebro.

Toda a administração e organização desta quinta dependem de

nós. Dia e noite zelamos pelo vosso bem-estar. É por causa de

vocês que nós bebemos leite e comemos essas maçãs. Sabem o que

aconteceria se nós, porcos, não cumpríssemos o nosso dever?

Jones voltaria para a quinta! Sim, Jones

...

O TRIUNFO DOS PORCOS

...

voltaria! Decerto, camaradas - gritava Squealer, quase em

súplica, balouçando-se de um lado para o outro e sacudindo a

cauda -, decerto nenhum de vocês quer ver Jones regressar,

pois não?

Se havia coisa de que os animais estavam bem certos, era que

não queriam que Jones voltasse.

Posta a questão desta forma, não tiveram mais nada a dizer. A

importância de manter os porcos de boa saúde era óbvia. Por

isso, ficou acordado, sem mais discussão, que o leite e as

maçãs do chão (e também as que fossem apanhadas quando

amadurecessem) deviam ficar reservados apenas para os porcos.

...

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Bélico

...

CAPITULO IV

...

No fim do Verão, a notícia do que acontecera na Quinta dos

Animaisjá se tinha espalhado por toda a região. Todos os dias

Napoleão mandava grupos de pombos com instruções para se

misturarem com os animais das quintas vizinhas, contarem a

história da Revolta e ensinarem a música de Animais da

Inglaterra.

A maior parte deste tempo passara-o o Sr. Jones sentado na

taberna do Leão Vermelho em Willingdon, queixando-se a quem o

quisesse ouvir da enorme injustiça que sofrera ao ter sido

expulso da sua propriedade por um grupo de animais inúteis.

Os outros agricultores concordavam em princípio, mas não o

ajudaram muito.