Solomon Kane: a saga completa

9788584610754

9788584610754

Presidente

Henrique José Branco Brazão Farinha

Publisher

Eduardo Viegas Meirelles Villela

Editora

Cláudia Elissa Rondelli Ramos

Tradução

Alexandre Callari

Projeto gráfico e editoração

S4 Editorial

Preparação de texto

Heraldo Vaz

Revisão

Regina Oliveira

Capa e ilustração de capa

Ricardo Troula

Conversão Digital

Digitaliza Brasil

Copyright © 2015 by Editora Évora Ltda.

Todos os direitos desta edição são reservados à Editora Évora.

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Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

H844s

Howard, Robert Ervin, 1906-1936

[Solomon Kane. Português]

Solomon Kane : a saga completa / Robert E. Howard ; [tradução:

Alexandre Callari]. - São Paulo : Évora, 2015.

256 p. ; 16 x 23 cm.

Tradução de : Solomon Kane

ISBN 978-85-63993-57-1

1. Ficção americana. I. Callari, Alexandre. II. Título.

CDD- 813

Introdução

Em 2011, para acompanhar o lançamento do filme Conan, o bárbaro, a editora Generale decidiu publicar alguns textos de Robert E. Howard, da sua criação mais famosa, que ainda continuavam inéditos no Brasil. Embora o filme tenha se revelado um enorme fiasco, sua contraparte impressa não poderia ter obtido êxito melhor, o que mostrou tanto a popularidade do personagem Conan quanto a disposição do público para ler esse tipo de história.

Não demorou muito para que a editora me contatasse e encomendasse um novo volume contendo material inédito de Howard, convite que recebi com enorme júbilo; afinal, não é todo dia que uma pessoa tem a chance de fazer a tradução e a organização do material de um autor do calibre de Howard.

Se este é o seu primeiro contato com uma obra desse impressionante escritor, há algumas coisas que você precisa saber, como o fato de ele ser considerado o “pai” do gênero espada e feitiçaria, tendo precedido em muitas décadas expoentes que são referências no gênero, como J. R. R. Tolkien, Michael Moorcock e, mais recentemente, George R. R. Martin.

Um conhecido meu, após ler o volume Conan, o bárbaro, relatou ter ficado tremendamente impressionado com a prosa feroz do autor, mas lamentou o fato de ele utilizar clichês em demasia. Perguntei-lhe o que estava querendo dizer, e ele respondeu que coisas como ressurreição de magos e criaturas transmorfas já estavam batidas demais. Com um sorriso no rosto, pensei na palavra “clichê”, lembrando-me de duas coisas: a) nas décadas de 1920 e 1930, quando Howard escreveu suas narrativas, nada disso era clichê; na verdade, ele foi a gênese disso tudo, e o fato de ter sido exaustivamente imitado transformou as situações por ele imaginadas em clichês; b) um clichê só se torna clichê quando se trata de uma boa ideia; afinal, as pessoas não costumam replicar ideias ruins, só as que funcionam.

O que faltava a esse meu conhecido era o conhecimento da informação relatada acima, para fazer uma leitura contextualizada e embasada. Sim, magos ressuscitando podem parecer clichês, mas é como escutar uma música dos Beatles hoje em dia e reclamar que a harmonia é “muito clichê”.

A leitura de uma obra de Howard, até mesmo dos textos considerados “menores”, é uma experiência única, uma verdadeira imersão na arte de narrar histórias, que se deve a diversos motivos, que vão desde a sua mente inventiva e genial – quase perturbada em alguns momentos – ao seu pleno domínio da linguagem. O escritor era um verdadeiro articulista de palavras e, para mim, a tradução e a organização deste volume é um privilégio.

Howard tem certos vícios de linguagem – em particular, sua apreciação por adjetivos. O escritor parece atravessar fases, nas quais adora fazer uso de determinada palavra, o que pode dificultar o trabalho do tradutor; ele usa um adjetivo com relativa constância e, às vezes, até o repete em uma mesma sentença. Porém, ao pesquisar a fundo a língua inglesa para fazer a tradução deste volume, comecei a perceber uma camada oculta dentro do texto, da qual ainda não havia me dado conta, mesmo já tendo traduzido histórias de Conan. A repetição que Howard faz de determinados termos ao longo de seu texto – um recurso que não é nem pleonasmo nem anáfora – se torna uma característica de seu discurso, como se certas palavras “pertencessem” a ele e fossem indissociáveis de sua prosa. Mas o mais notável é que raramente o termo utilizado e/ou repetido assume o mesmo significado na sentença. A língua inglesa, bem mais elástica que a portuguesa, permitiu ao escritor “brincar” com as palavras e criar um estilo que simplesmente não pode ser reproduzido ao ser traduzido, mas que impressiona pela precisão com que ele faz uso de determinadas palavras. O vocábulo pode ser o mesmo, mas seu sentido muda – e o escritor se vale disso de maneira brilhante.

Nada é casual no texto de Howard, e esse aspecto fica evidente ao se analisar os fragmentos deixados por ele – textos inacabados, esboços e anotações para armazenar ideias, de forma que elas não se perdessem. Escritos com primor, esses textos crus são tão bem acabados que rivalizam com os próprios textos completos.