licença. (Sai e vai colocar um livro de ata sobre a mesa. Tira também do bolso uma campainha.)
CIDADÃO II — Esse quem é?
CIDADÃO IV — É O tal Biling, que trabalha no jornal do Alacksen.
CIDADÃO V — Digam-me, de que lado devemos ficar?
CIDADÃO II — Grande homem, Dr. Stockman...
MULHER I — Salvou a vida de meu filho.
CIDADÃO VI — Devem ficar olhando para o impressor Alacksen, e fazer o que ele fizer. (Sai o Prefeito detrás do pano e entra em cena. Vimos nas sombras ele vestir a capa e o boné e ele vai cumprimentar Biling, cumprimenta um espectador com um sorriso.)
CIDADÃO I — Olhem, é o Prefeito! (As sombras continuam a falar, agora num ritmo mais tenso.)
MULHER II — O “Mensageiro do Povo” disse que o Dr. Stockman não tem razão.
CIDADÃO II — Mas não disse sobre o que...
MULHER I — É qualquer coisa sobre as águas...
CIDADÃO v — O doutor não tem razão...
MULHER II — Acho difícil o doutor não ter razão...
CIDADÃO IV — Imagine se fosse verdade, as águas envenenadas...
CIDADÃO v — Imagine...
CIDADÃO VI — O Prefeito deve estar com a razão, senão teria mandado um representante.
MULHER U — Até segunda ordem, sou a favor do doutor!
MULHER I Afinal, de que lado devemos ficar? (Saem todos juntos detrás do pano. Biling coloca uma cadeira e o Prefeito senta. Biling trouxe outras cadeiras para a cena.)
CAPITÃO (trazendo Catarina e Petra) — Aqui, fiquem aqui! Perto da saída. É melhor, caso aconteça alguma coisa.
CATARINA (aflita) — O senhor acha que pode acontecer alguma coisa?
PETRA — É apenas uma preocupação, mãe. (Sentam.)
(Stockman ficou Gtrás, vemos srn sombra, impaciente, relatório na mão)
ALACKSEN (para o Capitão) — Onde está ele? Stockman ainda não chegou?
CAPITÃO — Está na sacristia aguardando a hora. (Entra Stockman, com a pasta, vestido especialmente . Biling e Hovstad retiram o pano. Stockman cumprimenta e vai até Catarina.)
STOCKMAN — Não te preocupes, Catarina.
CATARINA — Não te exaltes, Tomas.
STOCKMAN — De modo algum. Bem, é hora. Vou começar. (Abre a pasta.)
ALACKSEN (para todos) — Não seria melhor antes... eleger um presidente de mesa?
STOCKMAN — Para quê? Não é debate. É uma conferência, coisa minha que desejo expor.
PREFEITO (da sua cadeira) — Concordo que alguém deve dirigir os debates, caso hajam. Se me permite a opinião.
HOVSTAD — O “Mensageiro do Povo” conhece o conteúdo da conferência do doutor. Pode gerar controvérsias. É justo que os cidadãos possam discuti-la em condições adequadas. (Salva de palmas.)
BILING (colocando copo e garrafa sobre a mesa) — A vontade dos cidadãos, parece eleger um presidente de mesa.
STOCKMAN (irritado, mas controlando-se) — Então, por mim está bem.
ALACKSEN — O senhor prefeito!... O senhor prefeito aceita esta, digamos assim, incumbência?
PREFEITO — Não, não. Eu não aceito. (Calmo, porém severo.) Vários motivos de fácil compreensão obrigam-me a declinar desta honra. (Levanta-se e jala para todos.) Porém temos entre nós um homem perfeitamente capacitado para a função... o presidente da Associação dos Proprietários das casas, o senhor impressor, Alacksen. (Senta. Salva de palmas.)
BILING (tomando nota) — Tomo a liberdade de consignar na ata que o Sr.
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