Everett como a palavra final; mas pelo menos era consciencioso. Além disso, a ampla justiça que, sob a ilusão de seus sentimentos, tinha feito aos seus encantos e talentos, lhe dava o direito de, quando livre dessa ilusão, registrar seu julgamento sobre os espaços áridos na natureza dela. A Srta. Everett poderia muito bem tê-lo acusado de injustiça e brutalidade; mas esse fato ainda deporia a favor dele, mostrando que ele se importava realmente com a verdade. Marian, ao contrário, mostrava-se completamente indiferente a ela. A frase raivosa de Stephen a respeito de seu comportamento não havia encontrado nenhum eco em sua alma contraída.
O leitor conta agora com uma visão adequada dos sentimentos que dominavam esses dois amigos quando se viram face a face. É preciso dizer, contudo, que o lapso de tempo havia diminuído em muito a força desses sentimentos. Uma mulher, ao meu ver, não deveria aspirar a uma companhia mais agradável, nem menos constrangida ou constrangedora, do que a de um amante desiludido; desde que, é claro, o processo de desilusão tenha sido completo, e que algum tempo tenha decorrido desde a sua conclusão.
A própria Marian encontrava-se perfeitamente à vontade. Não havia guardado sua equanimidade — sua filosofia, quase seria possível dizer — durante aquele doloroso último diálogo, para vir a perdê-la agora. Não alimentava sentimentos rancorosos em relação ao seu antigo amante. Suas últimas palavras tinham sido — como todas as palavras no juízo de Marian — uma simples façon de parler. Era tão perfeito o bom humor desfrutado pela Srta. Marian nesses últimos dias de sua vida de solteira que não existia nada no passado que não pudesse vir a perdoar.
Ficou um pouco ruborizada com a ênfase adotada pelo rapaz em sua observação; mas não ficou desconcertada. Ela recorreu ao seu bom humor.
— A verdade, Sr. Baxter — disse ela —, é que neste momento me sinto em mais perfeita paz com o mundo; vejo tudo en rose; tanto o passado quanto o futuro.
— Eu também estou na mais perfeita paz com o mundo — afirmou o Sr. Baxter — e meu coração está perfeitamente reconciliado com o que você chama de passado. Mas para mim é muito desagradável pensar nisso.
— Ah, então — disse a Srta. Everett, com grande ternura —, temo que não esteja reconciliado.
Baxter riu — tão alto que a Srta. Everett olhou para o pai. Mas o Sr. Everett ainda dormia o sono dos justos. — Não tenho dúvida — disse o pintor — de que estou muito longe de ter um espírito tão cristão quanto o seu. Mas lhe asseguro que me sinto muito feliz em vê-la de novo.
— Tudo o que precisava era falar isso para sermos amigos.
— Fomos tolos em tentar ser outra coisa além disso. —
— Tolos, sim. Mas foi uma bela tolice.
— Ah, não, Srta. Everett. Sou um artista e reivindico aqui o direito sobre a palavra "belo". Não deve usá-la aqui. Nada que tenha tido um fim tão feio poderia ser belo. Era tudo falso.
— Bem, como quiser.
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