Everett. 

Lennox assentiu, concordando. O outro permaneceu em silêncio por alguns instantes, examinando a fotografia com considerável interesse, mas, como observou Lennox, sem compará-la com seu quadro. 

— Minha Duquesa certamente apresenta certa semelhança com a Srta. Everett, mas não exatamente intencional — disse finalmente. — O quadro foi iniciado muito antes de jamais ter visto a Srta. Everett. Ela, como vê, ou melhor, como sabe, tem um rosto adorável e, durante as poucas semanas em que a vi, continuei a trabalhar no quadro. Sabe como um pintor trabalha, como trabalham artistas de todo tipo: apropriam-se de seu material onde quer que o encontrem. Não hesitei em adotar o que encontrei de conveniente na aparência da Srta. Everett; principalmente pelo fato de que vinha procurando em vão por um tipo de fisionomia que seu rosto encarnava. A duquesa era uma italiana, partia desse princípio; e estava convencido de que seria loira. Bem, decididamente, há algo da intensidade e do calor dos países do sul nas feições da Srta. Everett, assim como a vitalidade e a densidade comuns na aparência das mulheres italianas. Repare que a semelhança se trata muito mais de uma questão de tipo do que de expressão. No entanto, lamento que a cópia deixe revelar o original. 

— Duvido — disse Lennox — que se deixe revelar a outra percepção além da minha. Tenho a honra — acrescentou após uma pausa — de estar noivo da Srta. Everett. Por isso me perdoará se lhe perguntar se pretende vender este quadro.

— Já foi vendido a uma senhora — prosseguiu o artista com um sorriso —, uma dama solteira que é uma grande admiradora de Browning. 

Nesse momento, Gilbert voltou. Os dois amigos trocaram cumprimentos e seu companheiro se retirou para um estúdio ao lado. Depois de terem conversado um pouco sobre o que havia acontecido com cada um desde que haviam se separado, Lennox falou do pintor da duquesa e sobre o seu notável talento, manifestando surpresa por nunca ter ouvido falar dele antes e que Gilbert nunca o tivesse mencionado. 

— O nome dele é Baxter, Stephen Baxter — disse Gilbert — e, até sua volta da Europa, há duas semanas, sabia apenas pouco mais que você a seu respeito. Sua história mostra como tem feito progressos. Encontrei-o em Paris em 1862; naquela época, não estava fazendo absolutamente nada. Nesse intervalo, aprendeu o que você pôde ver. Ao chegar a Nova York, achou impossível conseguir um estúdio espaçoso o bastante para ele. Como, com meus pequenos esboços, preciso ocupar apenas um canto do meu, propus que usasse os outros três, até que encontrasse uma solução que o satisfizesse. Quando começou a desempacotar seus quadros, descobri que, sem saber, vinha hospedando um anjo. 

Gilbert, em seguida, começou a revelar vários retratos de Baxter, tanto de homens quanto de mulheres, para serem examinados por Lennox. Cada uma dessas obras confirmava a impressão de Lennox a respeito da capacidade do pintor. Voltou sua atenção para a tela no cavalete. Ao seu chamado silencioso, Marian Everett reapareceu com seu olhar marcado por uma ternura e uma melancolia profundas. "Ele pode dizer o quiser", pensou Lennox. "A semelhança é, em certa medida, uma questão de expressão." 

— Gilbert — acrescentou, querendo avaliar a extensão da semelhança —, isso faz você lembrar de quem?

— Sei quem isso faz você lembrar. 

— E vê isso por si mesmo? 

— Ambas são bonitas e ambas têm cabelos castanho-avermelhados.